quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sobre finais, começos e malas


Sempre que chega esse clima de final de ano, bate aquela semi-depressão-reflexiva. Um ótimo nome que eu criei. Não sou do tipo que ama Natal, que acha lindo a decoração na rua, e que tem vontade de ligar pra todos os nomes da agenda só pra dizer “feliz natal”.

Sinceramente, percebi que natal só faz sentido quando tem uma criança por perto. Quando você vai na loja de brinquedo, e jura que a criança vai deixar de acreditar em Papai Noel quando ver o papel da “Rihappy”. Mas não, ela acha lindo. E qualquer desculpa que você inventar, do tipo que o papel do Papai Noel acabou, e ele pegou emprestado da loja. Ela vai acreditar.

No fundo Natal não faz muito sentido, e a única parte que eu gosto mesmo são as compras. O que em prática, não diferencia muito essa época do resto do ano.

Não sou uma descrente desiludida, que tem vontade de tacar uma bomba na Praça da Liberdade, e arrancar a barba de qualquer Papai Noel de shopping. É só que sinceramente; odeio as vilas de natal, e preferia nunca ter que passar pela Praça da Liberdade à noite, nesta época.

No fundo eu sei de cor a música de final de ano da Globo, e atualmente a da Jovem Pan também. E sim, eu fico muito reflexiva quando tenho que ouvir a Simone cantar “Então é Natal, e o que você fez?”. Mas é a parte do “O que você fez?” que sempre me dói. Daí eu esqueço meus problemas com os Papais Noeis, e toda a aura natalina e me lembro que tem um ano novinho chegando por aí. E que o velho de fato, acabou.

Essa sensação de que acabou, de que não tem como voltar, de um ano inteirinho se foi, me dá uma impotência. No fim, a gente só lembra do que não fez. Da festa que não fomos, do beijo que não demos e da palavra que não falamos. E aí a gente planeja o próximo ano em cima disso.

Vou emagrecer, por que esse ano comi demais. Vou ficar solteira, por que esse ano eu namorei demais. Vou namorar, por que esse ano eu aproveitei demais. A gente só lembra do que não fez, e resolve deixar a frustração pra ser compensada no ano seguinte.

No fim das contas deveríamos esquecer os choros por amor, e lembrar dos sorrisos. Se você amou, esqueça o sofrimento do final, deixe as alegrias na lembrança. Você pode precisar, de lembrar disso um dia. Não se esqueça completamente do sofrimento, ele vai virar lição pra você tentar fazer diferente, mas na hora de planejar o próximo ano, busque as alegrias.

É tão mais fácil saber o que a gente quer, mas insistimos em procurar nos outros e nas coisas, aquilo que não queremos. Buscamos defeitos, para justificar as escolhas.

Terminar o ano traz à tona todo o problema que tenho com decisões. É como se eu estivesse arrumando uma mala, e nela eu tivesse que colocar tudo o que preciso, mas sempre sinto que estou esquecendo tudo. Por mais que meu armário de experiências do ano esteja vazio, e que o zíper da minha mala esteja estourando. Sempre tem aquela coisinha, que eu acho que será útil.

São tantas experiências que acontecem em um ano, que a gente começa a esquecer de várias. No final tudo vira passado, e a gente sempre se dá conta quando já acabou.

Esse ano quando fui fechar minha mala, vi tanta coisa, que achei que não iria caber. Começos e finais, e novos começos. Mudanças, conquistas, saudades. Foi tudo se ajeitando e dando espaço, porque ainda tinha coisa importante por vir. Cheguei a cogitar a possibilidade de uma segunda mala, mas ando tentando controlar meus impulsos.

Agora minha mala está pronta, não sei como couberam tantos amigos e tantos amores. Tantas felicidades e tantos sorrisos, e tantas TPMs e tantos choros. No fim coube tudo e minha mala está igual o saco do Papai Noel.

E isso tudo nem vai fazer tanta diferença, por que assim que começar o ano eu vou ver uma mala nova linda. E aí já vou pensar em um tanto de coisa boa, pra por lá dentro. E a mala velha vai ficar no maleiro junto com as tantas outras. Porque finais representam novos começos, novas experiências e novas malas.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Reticências


Sinto muito se você se acostumou errado, se a vida te mimou e te deu tudo quando você quis. Se todas as suas vontades uma hora viram realidade, e se pra você isso é normal. Desculpe se quanto a isso eu já não posso fazer nada, nem mesmo seguir esse padrão.

Me desculpe pelos meus erros do passado, e do presente. Me desculpe também pelos que virão. Desculpe se um dia surge a exceção. Não é minha culpa se esse peso ficou por minha conta.

Desta vez não posso me culpar, nem te culpar. Não existe culpa nessa história. Existe tanta coisa, que prefiro fingir que não vi. Eu só prefiro não cometer os mesmos erros, e talvez por isso, eu esteja criando novos.

Sinto muito se eu não vou estar do seu lado quando você precisar. Ando precisando é de alguém do meu lado. Às vezes sinto que minto, quando tenho uma preguiça enorme de te dizer tudo o que, teoricamente, você quer ouvir.

Não é minha culpa odiar expectativas, e sentir calafrios em cada momento que vejo seu olhar de esperança. Não quero me acostumar, nem conviver com isso. Você deve entender que talvez o que eu vejo, nem exista, ou você nem vá perceber.

É só que eu cansei de deixar pra lá e me sentir mal, por saber que não posso ser tudo o que você precisa. Cansei de inventar justificativas para tudo dar errado.

Uma hora a gente se dá conta que não encontrou o príncipe encantado, e que essa história de ser a princesa cansa. Desculpe se demorei a perceber isso, se você teve que se esforçar para me mostrar à verdade. É só que tem horas que a verdade dói, e a gente tenta evitar.

Sinto muito por não conseguir te dizer isso, e deixei as coisas assim, como estão. Coloquei muitos pontos finais em nós dois, e agora eles já viraram reticências. Portanto me desculpe, mas não gosto de incertezas.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Relativizando

Não me peça pra ficar, eu já fiquei tempo demais. Esperei demais e você não percebeu. Você pode achar estranho quando acordar e eu já tiver ido, talvez nem perceba. Talvez você não repare no bilhete que deixei em cima da mesa, ou talvez você apenas ignore e finja não ter visto.

Talvez você perceba que eu não disse tudo o que queria, e me faça falar. Talvez você não perceba por estar ocupado demais, com o que você quer dizer. Um dia você pode passar por algum lugar, e talvez você sinta minha falta e resolva ver o que aconteceu. Talvez ache normal e nem perceba por onde estava.

Talvez um dia você aceite que me quer do seu lado, tanto quanto eu quero você do meu. Mas talvez isso seja sempre um problema. Ficar nessa de encontros e desencontros chegou ao limite. Talvez nunca tenha existido um limite, ou talvez nós dois o tenhamos estabelecido. Eu posso ter achado que fiz tudo certo, e talvez eu tenha feito tudo errado. Tudo depende do ponto de vista afinal. Talvez você me ache errado, talvez seja esse o erro que faltava pra nós dois.

No fundo a gente sabe que tentou, mas talvez não tenhamos tentado com toda a nossa força. Talvez você perceba tudo isso e resolva mudar, talvez seja eu que precise mudar. Talvez isso seja tudo, talvez não seja nada. É tudo relativo demais, para chegar à conclusões.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Querida Paixão,

Resolvi escrever essa carta por que temos que conversar. Há muito tempo venho juntando dados, pra te dizer com provas, o que realmente acho de você. Desde os meus 5 anos você resolveu me atormentar, mudar meus comportamentos e decidir por mim o que eu deveria fazer. E sinceramente, 15 anos de convivência é muito tempo.

De alguma maneira nesse tempo eu tive de aprender a lidar com você. Até mesmo porque você não faz nenhum esforço para ser agradável. No nosso primeiro contato já foi assim.

Meu coleguinha de sala, que eu brincava, me divertia e ria das piadas, virou o cara mais lindo da escola. E eu virei uma idiota. Não brincava, não me aproximava mais, e ainda tinha vergonha de rir das piadas dele.

Pra que isso? Eu tinha 6 anos, e você já me traumatizou.

Depois disso as coisas só pioraram, por que um dia eu sentia minha barriga embrulhando, meu coração disparando e eu sabia que era você que tinha vindo me visitar. Daí o amigo virava amor, o professor um Deus, e o desconhecido do prédio ao lado passava a ser o sentido da minha vida.

Enquanto eu lidava sozinha com meus amores de contos de fadas. E me iludia diariamente sob a sua influência, até consegui aturar a sua presença. Você não costumava ficar por muito tempo, e se ficava, mudava bastante de foco.

O nosso grande problema foi quando você resolveu ser real e presente. Parou de mudar só meu olhar pelas coisas e pessoas, começou a mudar mais o meu comportamento, e na maioria das vezes começou a me trazer dor.

Nessas horas a gente briga. Eu falo pra você o quão idiota você é, e até assumo minha culpa nisso. E você vai embora. Eu não sei se sou eu ou você a culpada pela minha inconstância, talvez seja uma coisa mútua, eu me canso de você e você de mim. E quando bate uma saudade você volta a me visitar.

Na maioria das vezes você bem que tentou permanecer por um certo tempo, mudava minha rotina, meu jeito de ver as coisas, mas um belo dia você sumia. Nessa hora não foi só comigo que você atrapalhou tudo. Não podia ter dado um aviso prévio? Ir embora assim, sem avisar, deveria ser proibido.

Sofrer por sua falta às vezes dói mais do que quando você está por aqui. Dá certa culpa, uma sensação de; “como isso e aquilo aconteceu comigo?”. Uma impotência irremediável.

No fim das contas eu sei que não consigo ficar muito tempo sem você, sei tão bem que já me peguei te inventando, só de saudade. Acho mesmo é que estamos um pouco desreguladas, funcionando em fusos horários diferentes. Por que você não pode me ouvir, e chegar mais perto quando preciso de você?

E por que quando digo que você não será bem vinda, você já se instalou, guardou suas roupas em um armário e criou raízes dentro de mim?

A gente deveria se respeitar e não brigar. Você é parte de mim, sabia?

Enfim, sei que você não está gostando das medidas que estou tomando quanto a sua presença em minha vida, mas elas são necessárias. Nosso tempo de convivência me fez perceber isso. Não estou querendo passar pelas armadilhas que você me colocou um dia.

Dizem que errar não é burrice, mas persistir no erro sim. Portanto escrevo para te avisar, as coisas estão mudando. Eu não vou mais ficar sozinha com você, ando racional demais para sua influência. Seu lugar continua aqui, está limpo e muito bem cuidado, mas agora ele tem chave. Então não pense que vai poder chegar ou sair assim, sem avisar.

Agora quero respeito quando eu disser que não te quero por perto. Assim como vou respeitar que por mais que eu queira, você pode querer não aparecer. Vamos deixar as coisas assim agora? Em um nível de convivência agradável, onde meus parâmetros sociais possam conviver em harmonia com as loucuras que você adora me meter.

Talvez eu esteja sendo racional demais, mas de que adianta? Daqui uns dias essa carta vai ser só mais um papel pra você jogar no fogo que você acende quando chega.


Saudades.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Atrás do portão amarelo

Eu ainda consigo sentir o cheiro, o cheiro quente dos dias de verão. Quando a água azul ainda me olhava como se fosse minha. Posso sentir sob o meu pé, o chão de cimento fervendo com o calor do sol.

Está tudo tão igual e tão diferente. Sinto os mesmo cheiros, ouço os mesmos barulhos. Eu poderia dizer meus cheiros, meus barulhos, mas agora tão distantes, já não são mais meus.

Estou diante da casa vazia, que já não é mais lar. São minhas coisas, que não são mais minhas. É tudo tão meu que chega a doer, chega a me dar enjôo sentir meu cheiro nessas roupas. São sapatos que não uso, fotos que não vejo mais. Não é mais minha cama.

De mim só ficaram as coisas, as lembranças. Consigo me ver descer correndo para almoçar, posso me ver nadando e subindo no pé de amora. Não sou mais eu ali.

É a minha alma que caminha entre as portas. E eu deixei pra trás, na casa que não tem mais almoço, não tem mais rede, não tem mais graça.

Na casa ainda tem teto, tem parede, tem cor. Tem o vento de tarde, tem o sol na varanda pela manhã. Ter tudo e não ter nada, dói.

Dói deixar pra trás, e dói voltar sem estar ali completamente. O sol ainda se põe na mesma hora, no mesmo lugar, atrás da mesma árvore. Ainda está tudo ali, e a única coisa que consigo fazer é fechar o portão amarelo, e deixar aquilo onde está. Porque voltar não posso mais.

domingo, 28 de novembro de 2010

Ponto final

Tudo sempre tem um fim. Os finais não avisam quando chegam, eles chegam devagar, sem deixar rastros ou abrir caminhos. Você se distrai por uns minutos, meses ou anos, e quando vê está ali diante de você. Escancarado, pra quem quiser ver.

Um dia o presente vira passado. A rotina vira lembrança, e a saudade chega pra te avisar. Você trocou de amigos, de roupas de amores. A cidade continua a mesma, as ruas também, os carros, estes sim estão diferentes. Você está diferente, e pra você a cidade está muito diferente. Assim como os carros, e as pessoas também mudaram.

Você custa a aceitar, até outro dia você via aquela amiga todos os dias. Hoje você acha que foi com ela que você trombou no supermercado.

Por que um dia você vai encontrar com aquele amigo de anos, que jurava ser seu amigo de infância. Aquele amigo que você sabia de cor o nome e sobrenome dos avós. Daqueles amigos que os três gatos eram como seus, e você tinha até colocado o nome em um deles.

Nesse dia vocês vão se encontrar, e se reconhecerem já será um grande alívio. Você vai perguntar dos avós. Talvez ele te pergunte de seu irmão, e daquele cachorro que morreu há uns três anos. Mas você não vai ter lembrado o nome dos avós dele, vai ter esquecido a raça dos gatos, e talvez nem tenha a certeza se eram realmente três gatos. Talvez fossem quatro ou cinco. Não importa, você achou ele um chato mesmo.

É nesses dias que você consegue visualizar o fim. Fim de uma década, fim de uma amizade, talvez. Quem sabe nunca foi mesmo uma amizade. Finais são assim, inevitáveis, e fracos diante da força do tempo. E são muito mais comuns em nossa vida, do que queremos mesmo acreditar. Talvez por isso nos causem tanto medo.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Padrão

Nós mulheres temos o dom de padrões. Decidi acreditar nisso depois que li algumas coisas realmente conclusivas, sobre idiotices femininas. O que acontece é que nosso padrão feminino, teima em complicar tudo. Teima em achar que o fulano é diferente, que ele não vai fazer igual, mas vai.

Nós estúpidas e idiotas mulheres temos um padrão complicado. O padrão de perguntar pra amiga no dia seguinte, se A quis dizer B, e se X é mesmo o Y que entendemos.

No fundo a gente sabe que não é. Sabe que A, é A e ponto final, e ele não veio com o B pra fazer parzinho. E o X nunca vai chegar no Y, por que são coisas completamente diferentes.

A gente insiste, vai atrás. Compara comunidades, vê amigos em comum. Lê todos os resultados de testes feitos nas redes sociais nos últimos meses. Faz combinação de signo e jura que ele é Touro, mas nem é cabeça dura.

É um padrão idiota, mas a gente só assume isso quando ele passa. E aí é quando o padrão masculino entra em ação. Vocês deveriam patentear esse radar de aparecer quando são esquecidos. É um sexto sentido que nem o nosso que é super apurado, consegue captar. Sinceramente, homens também são padronizados. Vocês só não deixam nunca transparecer.

Dados indicam que um encontro é normal, dois são coincidência, e quatro um padrão. Claro, óbvio, que isso foi coisa de homem. E sim, foi. Por isso quatro encontros, é uma sentença proibida em determinados grupos masculinos. E olha, que talvez, eles mesmos nem saibam disso.

Padrões masculinos não se resumem a complicar as coisas, mas a fingir que elas não existem. Desses padrões muitas vezes as coisas passam a nem existir. Por que encontros são proibidos, padrões são proibidos. Pra que isso tudo então? Por que complicar tudo?

E essa pergunta é pra homens e mulheres.

É tão simples, se não vai ligar no dia seguinte, não pede o celular. Se não quer nada sério não vai fuçar a ex dele. Se for pra adicionar no MSN e não ter assunto, não adiciona. Ele é um chato no twitter, você não precisa dar f5 a cada dez minutos pra descobrir isso.

Infelizmente padrões são assim, eles surgem da história. Ninguém sabe quando foi, até por que as mulheres das cavernas não tinham orkuts para fuçar. E homens não podiam pedir telefones, e não ligar no dia seguinte. Mas os padrões estão aí, e vão continuar sendo seguidos, mesmo que lutemos contra eles. No fim, somos todos uns idiotas padronizados que só sabemos complicar tudo quando se trata do sexo oposto, e ponto final.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Post It




Outro dia me deixei um bilhete. Peguei o rosa mais choque dos post its que achei, escrevi de caneta preta grossa, com a letra mais bonita que consegui depois das 30 tentivas. Está lá, me olha todos os dias pela manhã quando saio.

Neste dia o porteiro meu deu o bom dia de sempre, com a cara de sempre. Vi a mesma moça que sempre está naquela esquina esperando alguém. O padeiro ali, entregando o saco de 3 pães pra senhora simpática. A caixa lixando a unha até a senhora chegar, a mesma caixa de todo dia. O mesmo ônibus, no mesmo horário. As mesmas pessoas, as mesmas árvores, folhas e calçadas quebradas. Um dia comum, como qualquer outro. Carros andando, folhas caindo, chuva caindo. E a chuva tem sido a única diferença entre hoje e ontem.

Continuei cansada das mesmas pessoas, mesmas comidas, mesmos programas. É tudo tão igual, tão semelhante que chega parecer tudo a mesma coisa. Essa situação está tão implícita em mim, que começo a me achar igual demais. Estou mais cansada de mim, do que da vizinha chata, que pra mudar meu dia, resolveu me contar sobre a artrite. Está faltando algo, dias de verão que andam cinzas. Que são mais frios que dias de inverno.

A velha máxima do ter tudo, e não ter nada. O velho caso de estar no meio da multidão e estar sozinho. Não vou culpar o mundo capitalista, ou o pensamento pós moderno por isso. Vai ver, é culpa minha mesmo, de me habituar, de me cansar, de me acomodar.

E mesmo com toda a vontade de correr, de fugir, de gritar, continuo seguindo a mesma rotina, os mesmos hábitos, vendo as mesmas pessoas. Mesmo sabendo que no espelho do meu quarto está o meu bilhete rosa choque, pra me lembrar do que eu realmente quero pra mim.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A gente

Outro dia ouvi nossa música. Fechei o olho e senti sua respiração, senti seu cheiro. Senti seu olhar, me olhando dormindo. Senti falta.

Esqueci que o tempo passou, que a música agora é velha, brega, e toca em programas de no fundo do baú. Mas naquela hora não importava. Era você e eu, ali, juntos.

Era aquele dia de sol, que a gente foi pro gramado ver o sol se por. Era o dia de chuva, que deitamos na rede pra ver a água cair do telhado. Era só a gente, do jeito que a gente queria.

É a nossa música, minha e sua, e ninguém tira. Você vai ouvir, um dia desses, quando ligar em alguma estação aleatória, em algum horário aleatório, em algum fundo do baú. E ela vai tocar, e você vai ignorar, vai mudar a rádio.

Mas aí você já vai ter lembrado da nossa rede, do nosso pôr do sol, da nossa noite de lua. E você vai lembrar daquele dia que eu sumi, que eu não quis mais, que eu virei a vilã da história.

E você vai me odiar. Vai querer me esquecer, vai ouvir sua playlist de músicas favoritas, vai sair, vai dormir. E vai me odiar mais, e mais. Vai querer matar o autor da música, o cantor, e o intérprete.

Tudo isso por causa de uma rede, de um pôr do sol, de um dia de chuva. Tudo isso por causa da gente.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Errada


Eu escolhi errado. De novo!

Creio que eu tenho o dom da escolha errada. Se estou diante de uma geladeira de sorvetes, todos atraentes bonitos, sempre escolho aquele que mais me atrai, geralmente de chocolate. E adivinha? Ele é horrível. Gosto de chocolate, não tem. E se for bom, depois de duas ou três colheradas, devo conseguir derramar mais da metade no chão.

Sou meio assim, devo ter nascido do avesso. Caído do berço. E ter dado meu primeiro passinho com o pé esquerdo. E segue assim desde então.

Eu sou aquela que vai abrir o forno, erra a mira e queimar a mão. Aquela desastrada que não consegue encher uma garrafa com um funil, e acaba se molhando inteira. Dessas que erra o passo e tropeça, na frente de metade da escola, no primeiro dia de aula.

Dois caminhos, e eu consigo descobrir qual vai ter trânsito. Trânsito na minha faixa, pra melhorar as coisas. Isso se um carro não estragar na minha frente. Ou se não for o meu mesmo que vai morrer, fundir e soltar fumacinha.

Quando Deus decidiu o dom que me daria, ele foi bem, mas bem sacana mesmo. Me iludiu, deixou papai e mamãe falarem, afirmarem sempre, que eu era inteligente. Eles sempre dizem que eu sou muito, muito esperta. Vai ver é culpa deles mesmo, eu não ver o quão errada sou.

Eu erro achando que acertei. E de raiva, não aceito o erro. Sabe por quê?

Por que nunca, nunca mesmo eu tinha visto esse trânsito, nessa rua. Por que quando eu comi esse doce, ele não era tão doce que doía. E por que quando eu escolhi você, eu jurei que ia dar certo, por que ia. Por que a professora falou o que eu disse, e não o que você escutou. Eu juro.

Juro que não erro por mal, é involuntário. É como se eu fosse feita de ferro, e erros fossem feitos de imã. Eu continuo errando involuntariamente. São meus erros, tão meus que chego a ter algum apego por eles. Chego a ter ciúmes, querer exclusividade.

Portanto não se arrisque a errar, na minha vida, dessa parte cuido eu.

sábado, 23 de outubro de 2010

Comigo


Vem, me dá a mão.

Vem, aperta forte e diz que nada vai acontecer, nada vai mudar. Diz que o tempo não vai mais passar, que a gente vai ficar aqui. Parados, congelados no tempo, como deveria ter sido. Me pede pra acreditar com toda a força, que eu nem sei que existe.

Esquece o que eu disse e te magoou. Me lembra do que eu não esqueci. Me segura no seu colo, diz que ainda sou sua. Me diz que o que me dá medo, não existe. Vem, me diz que sentiu falta.

Pede pra eu dizer o que não consigo. Me cobre com o casaco, do vento que já não sinto. Vem, me mostra o que eu perdi quando estava fora.

Diz que agora o tempo é nosso amigo, diz que o sol não vai nascer. Me conta aquele caso, daquele amigo que não lembro mais o nome. Vem, esquece o celular desligado.

Me deixa te contar da conta que não paguei. Finge que entendeu minha piada, e ri como se tivesse tido graça. Ria, eu sinto falta disso. Vem, e me faz sorrir, de novo.

Me deixa fingir que não lembro seu número. Me deixa sem graça, mas só um pouco. Fica do meu lado. Vem, e deixa o silêncio tomar conta de nós dois.

Vem, e só me dá a mão.

domingo, 17 de outubro de 2010

Mais ou menos


Hoje eu resolvi colocar meu melhor som pra tocar. Peguei o vestido que mais amo usar. Cabelo solto, sandália baixa. Eu não quero nada, não quero ninguém.

Esqueci da maquiagem, enquanto a música tocava parecendo não terminar. Pra que me preocupar? Dispenso casa, comida, roupa apertada, salto alto. Dispenso dor de cabeça, compromisso, encheção de saco. Dispenso você.

Quero o lugar mais bonito, mais em paz que eu possa ter agora. Não quero nada. Eu só vou. Por que agora a rua é minha, a casa é minha, a praça é minha. Eu sou só minha.

Me divido com minhas amigas, por que elas também podem querer um pouquinho de mim. Elas têm um pouco de mim. E eu tenho um pouco delas. Tenho a risada com uma, o olhar de outra, tenho a conversa. Tenho a amizade. E isso é a única coisa que não dispenso.

Você é pouco pra mim. Na verdade, eu sou demais pra mim. Não sei como consigo caber dentro de mim. Eu sou o que você vê, e sou o que você não vê. Eu sou pouco e sou muito, mas você?

Você, eu deixei quando acordei e me quis mais. Quando eu quis estar comigo, mais do que com qualquer outra pessoa no mundo.

Eu tenho sido pouco, tenho sido muito, e não tenho sido nada. Agora eu vou ser a música, vou ser o carro, a estrada, a árvore. Eu estou em todo lugar que quero. Você pode me achar, em alguma hora, de alguma maneira, em algum lugar. Mas agora, eu fui me achar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Noite quente

Ei conhecido,

Você provavelmente não se lembra meu nome, e se não reparou bem, passaria direto se nos cruzássemos na rua um dia. Devo confessar que também esqueci seu nome, e provavelmente o timbre da sua voz. Eu não sei direito o que levou você a se aproximar e me oferecer um drink, talvez nada demais, ou então a solidão fez com que nos aproximássemos. Primeiro gostaria de agradecer a noite, há muito tempo não ria tanto. E há um bom tempo, o tempo já não passava assim tão devagar.

Sempre tive essa tendência a ser mais amiga de homens, e com você não foi diferente. Continuo me perguntando por que aquelazinha fez isso com você, mas no fim foi algo bom, me proporcionou uma noite ótima, espero que tenha gostado também. Devo dizer que as técnicas de paquera que você me passou são lindas na teoria, mas meu probleminha nessa área, ainda me impede de usá-las.

Espero que você esteja cumprindo a promessa que me fez, dar uma saída em certas situações é muito importante. Você deve ter visto que esqueci meus brincos no balcão quando saí. Se pegou, cuide bem, são meus preferidos. E não dê pra nenhuma garota, a não ser que ela te faça realmente feliz. Só não saia acreditando em qualquer felicidade fácil que te oferecerem por aí.

De qualquer maneira tente mantê-los guardados, quem sabe um dia desses não nos encontramos na mesma hora e no mesmo lugar? Ando passando muito lá ultimamente, na esperança de encontrar alguém como você. Mas a verdade é que só queria repetir nossas conversas, nossos drinks e nossos risos.


Um beijo,

sua conhecida.

domingo, 3 de outubro de 2010

Por querer

Três horas tentando não pensar em nada, no que fazer, nas mil coisas pra resolver. Tentando ignorar qualquer evidência da realidade que quero escapar. Tento fingir que não vejo você contando suas piadas, e provavelmente você acredita no meu teatro. Vou indo, fingindo nem estar ali. Desvio o olhar, mesmo sabendo que ninguém vai perceber.

Esqueço da minha presença, sem esquecer da sua. Sem nem lembrar o quanto isso me incomoda. Não ter. Estou longe do real, longe de tudo. Porque quero, porque ando querendo não me controlar. Ando deixando coisas para trás, meio sem lembrar. Indo sem saber pra onde, não sei se vou mesmo chegar.

Deixo de lado eu mesma. Quero esquecer manias, raivas e saudades. Quero esquecer o que eu deveria ter dito e não disse. Quero esquecer o eu que disse. Ando querendo me esquecer. Querendo te esquecer, sei lá.

Você não sabe disso, nem imagina, e provavelmente nem vai querer saber. Já nem sei se quero que você saiba. Não sei o que querer, ou o que imaginar.Talvez o problema seja esse, imaginar demais. Tudo irreal demais.

Sei que te quero, e sei que isso não é tudo. É pouco, pouco demais. E eu continuo me ignorando, tentando te ignorar e te olhando de longe. Vou esquecendo presenças e atuando do seu lado. Talvez no fim das contas, seja o certo a se fazer. Não fazer.

sábado, 2 de outubro de 2010

Ele


Você o acha lindo e maravilhoso. Olho, cabelo, sorriso, corpo. Nada, nadinha nem sombra de um defeito por perto. Sabe o que falar, e sabe falar quando você quer ouvir.

Está lá pra você sempre que você precisar. Te esquenta no frio, te dá um banho no calor. Não esquece nenhuma data sequer. Aniversário, trabalho, festas, compromissos. Tudo impecável.

Abre a porta do carro e arreda a cadeira pra você sentar. Ama a sua mãe, e sempre leva flores ou chocolate quando ela não está feliz. Adora seus primos, avó, tios e quem mais vier no seu pacote completo.

Sabe seu restaurante favorito, sua sobremesa predileta, e sua alergia a camarão. Nunca pede nozes, pois sabe que você odeia. Te liga quando você mais precisa e menos espera. E nunca te liga quando você não pode atender.

Sabe a hora de se impor, e a hora de deixar você se impor. Nunca grita, briga ou perde a paciência. Nunca te tira a paciência. É inteligente, todos juram que tem um futuro promissor.

Adora qualquer programa que você inventar, só pra poder estar do seu lado. E se o programa for uma pizza na sexta à noite, adora mais ainda. Te leva pra tomar café de tarde, ou pra passear pela manhã.

Ele é fiel. Ama suas amigas, e elas o amam também. Diz que você é a mulher da vida dele, que nunca imaginou alguém assim. Dorme de conchinha e nunca reclama. Adora seu cheiro, e usa o seu perfume preferido.

Ele é perfeito, e por isso ele não existe.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Desmentindo

Alguns dizem que mentimos quando queremos que o outro acredite. Outros dizem que mentimos quando acreditamos no que dizemos. Dizem por aí que mentira é a construção de uma verdade particular, ou a destruição da verdade alheia.

Cada um mente como pode, como quer. Mente sem saber por que, mente sabendo o por quê. Mente por que quer bem, mente porque quer mal. Mente.

Desmentir é a pior parte quando se acredita na mentira inventada, quando passa a querer que ela seja verdade. Desmentir pra que, se a mentira se tornou verdade absoluta?

Porque desmentir uma felicidade pública, se a infelicidade particular é a que predomina. A mentira pública é a que se tornou a única felicidade, mesmo que falsa.

Algumas pessoas mentem sem saber as conseqüências, e são essas próprias que acabam afundadas na verdade em que acreditam. Quem escuta uma mentira, pode até acreditar inicialmente, mas quem acredita no final é quem a pronunciou.

Conseqüências são conseqüências, Newton um dia concluiu que toda ação tem uma reação. Provavelmente como eu, você decorou isso para a prova do ensino médio. Mas nunca aprendeu que isso vale, e vale pra sempre.

Vale pra quando você mentir, vale para quando você acreditar no que disse. E vale mais ainda pra quando a realidade bater à sua porta. Por que aí a única coisa que você terá ao seu alcance é a realidade falsa que um dia você criou, que jurou ser verdade, desmoronando bem ali na sua frente.

E fim.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tédio sem fio


De dez coisas que eu escuto na aula, cerca de quatro aprendo por que preciso. Um dia quando tentei entender as diversas teorias da comunicação, esqueci seus nomes, e em alguns casos lembrei alguma parte de seus conceitos. Mas em uma aula algo em particular chamou minha atenção.

Quando ouvi que entre um interlocutor e um receptor há uma perda de mensagem, entendi bem grande parte do que já passei. Se você não entendeu nada, eu vou tentar explicar. Quem nunca brincou de telefone sem fio? E que atire a primeira pedra alguém que viu a mensagem chegar sem modificações no final.

Só cansei de ser desentendida, esquecida e de falarem que me expresso mal. Às vezes, todo mundo é que me entende errado.

Ou quem sabe eu entendo o mundo errado. Errado demais pra mim, tão errado que me dá preguiça de mudar e de entender. Tão errado que desisti. Deixo as coisas indo e as frases mudando no boca a boca.

Porque se olhares podem não ser entendidos, as palavras então devem se desesperar na esperança de saírem certas. Chegar certo é mais difícil ainda.

Sei lá, acho que vivo em um telefone sem fio constante, ou pelo menos o mundo parece ser uma grande brincadeira, que de vez em quando não quero participar.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Preto e acinzentado

Vez ou outra vejo um carro, que juro parecer com o seu. A cor não é a mesma, é azul acinzentado, e não preto acinzentado. Mas eu juro, insisto lá dentro de mim, que é a mesma cor. Ignoro o ano, que deve ser dois ou três anos mais velho que o seu. Juro ser igual.

Juro ser você, juro que vai parar, abrir o vidro e me perguntar o que estou fazendo ali. E o tal carro passa.

Fico depois procurando outro carro parecido, outro modelo semelhante, outra cor acinzentada, que eu possa jurar ser igual a sua. Não é fácil, ou às vezes é fácil demais. Passam carros demais, iguais demais para eu me concentrar em uma cor só, em um modelo só.

Eu sei que me iludo, sei e sou plenamente consciente disso, mas é involuntário. Como o movimento involuntário acelerado do coração, quando acabo chegando perto demais. Tão perto que sei que é certo demais, ou errado demais.

Não controlo a ilusão involuntária da proximidade. É impossível controlar a vontade de entrar no seu carro preto acinzentado, sentar do seu lado e te chamar de meu. Impossível.

Sigo me descontrolando, vendo carros cinza em estacionamentos. Procurando passar pelo mesmo caminho, no mesmo horário só pra ver se uma hora a gente se tromba. Em qualquer rua que seja, mesmo que seja pra te ver de vidro fechado, com o som alto esquecendo do trânsito.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Relevando


Tem dias que eu fico me perguntando, como a vida pode ser tão preenchida de coisas relevantes?

Sabe, eu nunca quis saber a história do fulano que se intitula menor da favela. Na verdade nem sabia que ele existe, mas pelo barulho, por que convenhamos aquilo não é música, eu já sei de quase toda a história dele. E ainda pude calcular que pelo jeito menor ele não é a muitos anos, quanto mais da favela, por que sempre tem um filinho de papai feito meu irmão pra bancar um tipinho desses.

Como se não bastasse, enquanto penso em algo tão relevante como o que acabei de escrever, nesse meio tempo devo ter twittado umas 4 vezes ou mais, sobre coisas como o calor, o tempo seco, a raiva da amiga, e as complicações do ínicio de semestre na faculdade.

Entre duas twittadas, o celular, a revista, o roller coaster. É tanta relevância que acabo me relevando.

Nesse ritmo esqueço acentos, palavras, nomes, fisionomias, e sentimentos, me perco. Perco sentidos.

Na facilidade de comprar a comida pronta, morro de saudade do arroz com feijão da minha mãe, aquele mesmo que eu repetia “de novo isso?” todas as vezes que chegava faminta da escola e sentia aquele cheiro. O tão relevante cheiro, que hoje virou saudade.

As vezes relevamos tanto, que acabamos esquecendo, e de tão relevantes as coisas somem, e aí vem a saudade. Por enquanto só queria relevar a saudade do cheiro do almoço da minha mãe, a raiva do rap do menor da favela, e o nariz ressecado pelo tempo seco.

E quem sabe depois de isso tudo, lembro de não me relevar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Os 4 lados da questão

Outro dia parei de pensar em três mil coisas ao mesmo tempo. Desisti não dá certo mesmo. Agora é uma coisa por vez e olhe lá. Sei que consigo atualizar o twitter, facebook, e ler meus e-mails ao mesmo tempo, mas no fim não fiz nada, é como se nem tivesse ido ali.

É a mesma coisa quando a gente fica dividida, pensa em três coisas ao mesmo tempo, não pensa em nada. Quer bolo de chocolate, torta de maçã e um café, sendo que isso tudo não combina. E você acaba não comendo nada.

A gente ama pessoas diferentes, tão diferentes que confunde. Uma não se decide, a outra não quer decidir, e a terceira já decidiu a muito tempo, do que adianta? Se você pede um conselho, continua na mesma.
“Faça o que você acha melhor pra você”

E a decisão fica na mesa, junto com o farelo do pão de batata, e dos respingos de coca zero e cappucino.

São quatro cabeças pensando por uma, e esquecendo no que tem que pensar. É coisa demais, gente demais, tempo de menos.

As vezes a gente cansa, dá vontade de jogar tudo pro alto, ir viajar, e pensar melhor. E querer seguir todos os conselhos que ouviu pela manhã.

Mas a discussão sempre termina no caminho da escada, por que a única coisa que conseguem decidir sempre é não ir pra aula.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Rodando


Segundo Chico Buarque
“Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu,
A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu?”

Acho que sempre tem um dia assim, que você esquece do começo, não sabe se está no meio, ou se já chegou ao final. Dá pra entender?

Pequenos tristezas viram grandes, e as que eram grandes diminuem, e você perde o parâmetro de pequeno e grande. Perde o rumo e a sensação. Será mesmo que é tristeza?

Não sabe de onde veio, muito menos para onde vai, Bali? Hong Kong? Londres? Paris? Casa da mãe?

É tudo tão perdido dentro da gente, que lá fora fica mais perdido ainda. Quer cama, filme, pipoca e coberta. Não tem tempo para deitar, não está afim de ver filme, e ainda por cima está morrendo de calor.

O resultado, nunca sabemos. Alguns dizem que crises te levam ao crescimento, outros simplesmente nunca saíram dela. Diminuir, decrescer, talvez seja impossível, mas lá dentro é tudo tão pequeno, e insignificante.

Pra que crescer se já é tudo tão grande lá fora. Pra que andar, se a vontade é de ficar parado?

Não adianta filosofar muito, a mais perdida aqui sou eu, e não tente entender.

Para ouvir: Chico Buarque - Roda Viva

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Crescendo


Outro dia ouvi um plano que queria pra mim. Não sei bem se queria o projeto, a imaginação ou se queria apenas que aquilo desse certo.

Em uma dessas yogurterias, que começam com "Y", talvez para combinar melhor com shopping e toda sua rebusquez. Estava eu e meu yogurte de jabuticaba, curtindo o calor do inverno de Belo Horizonte, quando um garoto de uns 10 anos talvez contou para sua mãe o que faria quando fosse "gente grande".

Sem plano elaboração, execução, tempo, dinheiro ou qualquer fator racional, que possa existir na cabeça de um adulto qualquer, que vive nesse nosso mundo capitalista. Ele contou seu plano da mesma maneira que eu contava pra minha mãe que seria uma médica um dia.

"Vou comprar o Central Park! Vai ser o maior zoológico do mundo."

Provavelmente ele não sabe que já há um zoológico lá, ou ele viu Madagascar muitas vezes, e quer aumentar o projeto do parque. Não sei qual a estratégia econômica ele irá usar, nem mesmo de qual fundo de investimento sairá o dinheiro. Ou vai saber o dinheiro pra isso está guardado no cofrinho do Ben 10 que ele ganhou do último natal.

O cofrinho eu deduzi pelo tênis do Ben 10 que brilhava cada vez que ele batia o pé no chão. Enfim, o que importa é que ele vai ter o maior Zoológico do mundo. Do jeito que o mundo está, não sabemos afinal se o Central Park entrará em um leilão um dia, talvez esse seja o único jeito dele conseguir o que ele quer.

Quando ele falou era tudo tão simples, simples como quando eu pensava em ser médica um dia, sem pensar nos dez anos na faculdade, nas práticas com corpos, no amor pela biologia e por tudo mais que hoje faz dessa profissão algo que realmente não quero pra mim.

E quem diria, hoje faço jornalismo. Minha amiga que queria ser bailarina, faz engenharia de alguma coisa. A que seria modelo, faz nutrição. O meu amigo que ia ser médico comigo, virou advogado. Fatos aleatórios, monótonos, e esperados.

Esperados por adultos descrédulos de sonhos, de ilusões, de imaginação. Adultos que me incluem, e incluem meu amigo advogado e minha amiga engenheira. Tudo monótono demais, sem graça demais, real demais.

Por que legal mesmo, é comprar o Central Park.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Enjôo


Já ouvi muitas expressões para definir o que sempre faço, mas a melhor dela é "Enjôo". Sim eu enjôo, e não que isso seja um sintoma de alguma doença. Talvez até seja, sintoma de um distúrbio psicológico, mas quem liga?

Bom, desde sempre, desde que me entendo como um ser humano, membro de uma sociedade, inserida em um sistema que algum inteligente denominou de capitalismo (bom, eu não entendia tudo isso.), eu enjôo. De tudo, ou melhor de quase tudo.

Nunca enjoei do amor, é um mal, ou bem que me persegue, e que talvez como o meu distúrbio do enjôo, seja algo físico.

Fora isso, considero que o problema se aplique à tudo, até agora não provei o contrário. Quando estava no maternal, ou em qualquer outra denominação usada para escolinha de crianças de até 5 anos, meu lanche era meia lata de ervilhas. Minha mãe colocava as ervilhas na lancheira, e era minha maior felicidade. Você deve estar pensando, nossa, ela ama ervilhas. Atualmente não como, eu enjoei.

Mais ou menos na mesma época, minha mãe desenvolveu uma estratégia para lidar com tais "enjôos". Sempre que começava a me cansar da boneca nova, do ursinho novo, ela guardava. Haviam caixas e mais caixas de brinquedos, e toda vez que uma delas era aberta, depois de uma longa espera, se tornava uma festa, e os enjôos não começavam, nem existiam.

Atualmente uso quase a mesma técnica com minhas roupas. Elas são separadas por estação, e assim que o tempo muda drásticamente é hora de guardar umas, e ter novas roupas. Funciona muito bem, e o número de roupas tem aumentado por isso, o que demonstra certo problema, mas que não me incomoda.

Ninguém entende ao certo o que acontece comigo, de repente acontece. Enjôo do restaurante, do lugar, da sala de aula, dos colegas, do lugar da cama. Simplesmente acontece, como está acontecendo agora.

Enjoei desse texto.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Longe?


Há certo tempo deixei de acreditar em vários conceitos de distância.

A distância é relativa em quase todos os pontos que podemos pensar. Ela representa a saudade de quem amamos, de onde queremos estar, de algo, de alguém. A distâcia pode ser de metros, de quilometros, de tempo, quase não pode ser medida.

Quando me dizem que a distância faz o tempo passar mais devagar, eu discordo. Depende do modo que você a encara. A distância pode ser rápida e se você encará-la como parte de algo maior, algo semelhante a um obstáculo.

Não discordo que a distância possa doer, quando ela surge pra isso, ela faz seu trabalho tão bem feito, que a dor pode parecer interminável. Pode parecer do tamanho do mundo, pode parecer um tiro no coração, ou até mesmo na cabeça.

Mas a distância pode ser saúdavel, ela pode amadurecer, fazer você enchergar as coisas de outra maneira. Muitos relacionamentos precisam da distância, alguns deles nem mesmo sobreviveriam sem ela. Relacionamentos são relativos, assim como a distância.

Alguns casais sobrevivem a relacionamentos longos, onde a distância é mais longa ainda. Outros tem sua duração inversamente proporcional à proximidade do casal. Enquanto a duração é longa, a distância entre o casal é mínima. O mais impressionante é que em alguns desses casos, quando mudamos a situação, o amor acaba, ou toda a sensação de felicidade evapora, com a proximidade ou a distância.

Cada pessoa tem uma maneira de encarar a distânica, de sofrer ou se beneficiar com ela. Muitos não acreditam, mas distância é necessária, para tudo. Ou você acha que aguentaria 4 ou 5 anos de faculdade, sem se distanciar nem um pouquinho? Por mais que você goste do seu curso, as férias serão bem vindas.

No amor, por mais que evitamos a distância ela aparece, em um dia, em um final de semana, em um dia ou outro. Ela vêm assusta, mas quando passa, não costuma deixar desvantagens, parece até que o amor aumenta. Com a distância vem a saudade, a valorização,a vontade de estar perto, e as vezes até esquecemos certos defeitos.

Distância é parte essencial da vida, querendo ou não ela assusta. As vezes ela parece ter até poderes mágicos. Por exemplo quanto mais acreditamos que ela irá demorar a passar, mais ela demora, e o contrário também acontece. A distância é relativa, mágica, misteriosa, e essencial.

E quanto ela te assustar, não corra, ela pode correr mais rápido. Apenas de boas vindas, e acredite que ela passará rápido. Quando você se der conta, quem sabe ela já não terá acabado?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Dúvidas freqüentes

Outro dia fiquei meio dívidida em histórias muito complexas para minha cabeça. Devo começar explicando que, quem começa a namorar perde um pouco a noção de tempo. Ou quem sabe o tempo seja relativo no caso do amor, e da falta dele. Voltando ao assunto, querendo ou não atualmente fico meio perdida quando se trata da vida amorosa de minhas amigas.

É terrivel nunca saber ao certo quem é o dito amor, de algumas delas. É tudo tão rápido que me confunde. Já aconteceu da Luciana* vir me contar que estava namorando. Quando perguntei se era com o João*, ela disse que não estava com o João "há séculos", que o namorado era o Pedro*. Investigando melhor descobri que o "há séculos" representava uma semana, no tempo normal. Ou no meu tempo "careta" de "casada".

A história mais recente não é a da Luciana, que por acaso não está com o Pedro a milênios. Essa é a história de dois casos diferentes, que tem apenas um ponto em comum, que você vai saber no final.

Outro dia eu estava no msn, como o assunto era sério só haviam duas janelas, a da amiga1 e da amiga2. A amiga1 me contou que seu ex, havia deletado do orkut todos os conhecidos dela. Inclusive eu, que não sabia desse fato. E além disso, enquanto ela ainda estava na fase brigadeiro, pipoca, cobertas e "Um amor pra recordar", ele já estava na fase ínicio da paixão. Com uma menina que ninguém sabe de onde ou como surgiu. Mas que pelo jeito já estava namorando.

Enquanto eu tentava entender, aconselhar e dar um ombro amigo pela internet, a amiga2 estava me contando de seu último quase amor. O cara lindo perfeito, bonito e rico, que ela estava há séculos (pela definição da Luciana é claro). Havia sumido do mapa, e a pelo menos meio século não dava nem notícia de vida.

Você deve estar se perguntando o que essas histórias tem em comum. Eu fiquei com essa dúvida por algum tempo, até descobrir que o comum disso são os homens, e certo tipo de mulheres. Não sou nenhuma doutora em comportamento masculino, nem uma feminista louca que quer matar homens por aí.

Mas convenhamos, por que fazer isso? Por que iludir mulheres apaixonadas com um relacionamento que não existe?

Mulheres apaixonadas são mais burras, mais sensiveis e mais fáceis de enganar. Ou melhor, elas se enganam, acreditam no que querem acreditar. A amiga1 queria acreditar no namorado que tinha, no amor que queria que existisse. A amiga2 queria acreditar que o que aconteceu com a amiga1 não ia acontecer com ela, que ela ia ter uma relação saúdavel, linda e perfeita, até o príncipe sumir.

Quem quer acreditar no sapo que vira principe, e sai beijando sapos por ai, deveria cogitar a hipotese de acabar virando uma rã em um desses beijos. Nada, principalmente relacionamentos, é perfeito. E quanto mais você quiser acreditar nisso, mais vai se enganar.

Eu continuo perdida quando se trata da vida de solteira das minhas amigas, mas não ligo, é divertido analizar (ou pelo menos tentar). Mesmo não querendo, fico decepcionada junto com elas ainda mais quando gosto do príncipe da vez, mas fazer o que, tem coisas que nunca mudam. Mulheres, homens e sua dificuldade de facilitar as coisas.

* Nomes fictícios para (tentar) preservar certas identidades!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Individualmente


Todo mundo prefere acreditar que não, que nunca ficaremos sozinhos. Dizem que amigos são a família que pudemos escolher, concordo, mas não vivo por essa tese. Outros dizem que quando precisarmos de verdade, não são amigos, mas sim a família que vai estar lá por nós.

Confesso desprezar com a maioria das minhas forças a tese da família. Todo mundo tem um tio chato, que te enche desde quando sua bunda e peito começaram a crescer, ou bem antes do primeiro fio de barba. E na maioria das horas que você precisar, quem você menos vai querer do seu lado, será provavelmente esse tio chato.

Sinto acabar com muitas ilusões, mas não por falta de vontade, mas muitas vezes seus amigos não vão poder estar do seu lado. Isso não significa que não estejam pensando, orando, pra você. Porém isso não vai descaracterizar sua solidão momentânea.

É difícil aceitar que como minha mãe diz, que nós chegamos sozinhos nesse mundo e vamos embora sozinhos. Tá, não to falando de religião, de reencarnação nem nada do tipo, em toda religião morte é morte, e ponto final. Você não vai se salvar de um tiro no coração por causa da sua religião.

Tem gente que não sabe lidar com a solidão, se desespera ao deparar-se sozinho no meio da multidão. Sei lá, quando fico sozinha pelo atraso de alguém que marcou comigo, não apenas me desespero, mas quero matar qualquer um daqueles olhares dignos de pena que nos lançam. Vendo de outro ângulo, não tem nada que eu ame mais que fazer compra sozinha, é algo que você não é influenciada, ou deixada em duvida, é você por você. Claro, que sem me gabar, o bom gosto ajuda.

Quantas pessoas até tremem de pensar em alguém sozinho no cinema, são essas mesmas pessoas que olham pra quem está usufruindo da sua autonomia, com pena. Essas pessoas sim, que são dignas de dó. Quem nunca experimentou a solidão sendo feliz deveria repensar, muitas vezes essas pessoas não conhecem seu eu.

Não sou psicóloga, e por sinal ta ai um curso que não tenho a mínima vontade de fazer, mas quem nunca percebeu alguém sem personalidade que atire a primeira pedra (de preferência valiosa). As pessoas não aceitam ser sozinhas por medo ou temor. Felizmente há muitas que aprendem a usufruir desse bem, podendo sorrir pro olhar de pena de algum infeliz no meio da multidão.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Compras


Mesmo sabendo que não era uma boa idéia, há alguns dias resolvi ceder as vontades da minha mãe. E acompanhá-la as compras. Como era no dia em que minha mesada chegava eu tinha noção do perigo que corria.

Há menos de um mes meu pai já havia me tirado o cartão de crédito, e meu celular virou de cartão. Continuo estranhando essa sensação. Portanto, um passeio no shopping, sem cartão poderia significar o final completo e rápido da minha mesada.

Não demorou até chegar a hora da tortura. Não sei se é um problema, mas quando começei a tremer diante da nova coleção da minha loja favorita, percebi que algo não estava normal. Quando a minha mesada, bom ela está comprometida nos próximos 5 meses.

Você agora deve estar se perguntando como eu fiz isso sem cartão de crédito. Simples, eu tenho o cartão da loja. E atualmente ele representa o consumo de metade da minha mesada, aliás, vai continuar representando por um bom tempo.

Eu ainda não sei como consigo fazer esse tipo de coisa. Acredito que tenha um potencial genético e quem sabe comportamental, devido à grande semelhança com minha mãe. Tal semelhança é a principal causadora das dores de cabeça do meu pai. É como um movimento involuntário.

Não sei bem o por que desse texto, primeiramente deve ser um desabafo. Ou então um modo de tentar enteder o por que de nós mulheres sermos assim. Bom, não há explicação. Você não vai conhecer uma mulher que ache feio roupinhas de neném, ou mulheres que não considerem alguma coisa que outra mulher esteja usando feia.

Quer ver uma mulher feliz? Compras. Quer ver uma mulher esquecer da briga com o namorado? Compras. Quer ver uma mulher se sentir bonita? Compras.

Segundo minha mãe, vou precisar esvaziar um pouco meu guarda roupas. O que me dá um pouco de raiva, mas fazer o que, é justo. Quanto as minhas compras, elas estão me fazendo feliz. A tremedeira passou, deixei de almoçar, e agora tenho uma jaqueta militar Balmain ispired.

Se você não entendeu, ou não faz idéia do que seria Balmain vai ficar aí me achando uma patricinha, consumista. Mas se você sabe do que eu estou falando, provavelmente vai me perguntar em qual loja eu fui.

Há pessoas que ficam felizes ao comprar um carro novo, um trator novo. Outras ficam felizes com um boneco de coleção, com um pedaço de pano. Ou com determinada comida. Assim como o gosto, como a idéia do que está ou não na moda, as compras são assim, relativas.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Vitória


Já ouviu falar da expressão, síndrome do ninho vazio?

Pois é, é o que acontece com mulheres, mais ou menos na meia idade, quando elas se dão conta que seus filhos já não precisam mais delas. Eles crescem e vão pra faculdade, e ela tem de lidar com seu ninho vazio.

Por íncrivel que pareça, acho que estou passando por algo bem similar. Depois de assistir "Toy Story 3" e sair aos prantos, começei a pensar nisso. Não sei você, mas eu fui criada basicamente na ilusão de Toy Story. Sempre soube que não era verdade, mas adorava acreditar na vida dos meus brinquedos.

Imaginava a Barbie uma patricinha chata, que só queria vestidos e roupas, e desprezava a prole a sua volta. Era uma Gossip Girl dos brinquedos. A Polly era mais infantilizada, mas não menos arrogante que a barbie, ainda mais com seu enorme closet de roupas.

Meus ursinhos de pelúcia eram todos fofos, exceto pelo palhaço. Então dei um jeito de me livrar dele, tamanho o medo que aquela criatura me dava. Eu tive a Baby Barriguinha, Bebê Baiinho, Meu bebê da estrela. Armarios de cozinha do meu tamanho, espaço pra brincar, e fogão de lenha pra fazer comidinha.

Ao sair do cinema começei a lembrar disso tudo. Pior, lembrei do armario que doei, não lembrei em qual armário estava a Baby barriguinha, e não achei a banheirinha da Bebê baiinho. Tristeza. Mas não conseguia parar de pensar na Vitória.

Devo apresentar-lhes a Vitória. Ela é o Meu Bebê da Estrela, tem exatos 17 anos e dois meses, e foi meu presente de aniversário de 2 anos. Se eu fosse o Andy ela seria meu Xerife Wood. Vitória sempre foi a preferida, a mais linda, mais usada. Já foi pro hospital de brinquedos 2 vezes, sempre volta de cabelinho, e sempre tiro de novo.

Atualmente a Vitória fica em cima da minha cama, usando fralda de verdade. Seu macacão também é de verdade, comprei em uma loja linda na Savassi. Depois de Toy Story, e de todo meu choro, percebi que ela merecia algo, mais amor, e atenção. Fiquei pensando na tristeza dela de ser jogada no puuf cada vez que eu arrumo minha cama pra dormir, e olha que até que as vezes dormimos juntas!

Alguns podem achar estranho, mas conheço muita gente que é assim, e a maioria tem vergonha. Tenho uma amiga, que tem uma amiga chamada Amanda, ela é uma boneca da Eliana, daquelas que tinha nosso tamanho, e se déssemos a mão ela andava. Amanda é uma boneca sortuda assim como a Vitória, que até hoje tem o amor de sua dona.

Aos 17 anos ganhei uma nova boneca, a Laura. Ela é uma daquelas bonecas que todo mundo olha na vitrine da loja do shopping e morre de amor. Tem o peso de um recém nascido, roupas estilizadas, fralda e cabelos impecáveis. Minha primeira compra pra ela foi na mesma loja que comprei os macacões da Vitória, comprei uma luva pra preservar sua mãozinha.

Você deve estar de perguntando como, uma menina de 19 anos age assim. É simples, não tenho a força do Andy pra me livrar de brinquedos, eles são parte de mim. Creio, que isso tem algo haver com meu instinto materno afiado. Depois do filme troquei a fralda da vitória, e seu macacão. A Laura foi brincar com minha sobrinha, já que dessa fase eu já passei.

Bom, quanto a Vitória, eu tinha me esquecido de como é bom dormir com ela.

sábado, 26 de junho de 2010

Sobre sushis e estágios


Acordo, faltam exatas 2 horas. Ok, hora de deixar o nervosismo de lado e me distrair um pouco, ao meu alcançe, duas tv's, e um lap top roxo lindo com Internet. Sem dúvidas, o lap top. MSN invisível, queria passar meu dia assim, invisível.

Enrolo, enrolo, enrolo. São em horas assim que me inspiro, quando tenho um trabalho de trinta páginas pro dia seguinte, uma redação, e outro trabalho enorme pra outra semana. Nessas horas surgem posts, novidades de moda. Atualizo blogs, resolvo rever amigos. Incrível, acho que é um jeito da minha mente se proteger.

Agora já não dava mais tempo, três posts e conversas com o namorado depois. Lá estou eu, preto e branco, ou lilás e verde? O verde e lilás era mais sério, mas seria sério demais? Preto e branco, já não havia tempo pra pensar!

Maquiagem básica, base, esqueci meu pó, fico sem, blush, rímel, lápis, sem gloss. Cansei. Correr, fechar a porta enquanto o elevador sobe, naúseas. Nessas horas elevadores dão defeito, portas travam, o meu em vez de parar na portaria foi para a garagem, mais naúseas.

Atravessar a rua, correr pro táxi, motorista lerdo, claro não poderia ser diferente. Digo pra pegar a esquerda, virar a direita, seguir mais um pouco, pronto chegamos. Atravessar a rua, lembrar de respirar esquecer das náuseas, interfone.

-Júlia, to aqui pra entrevista!

Náuseas e espera. Eu e mais quatro, todos homens. Vejo um oxford bonito. Hum, bom gosto, mamãe passou a camisa direitinho. Gostei mais do outro, um nike old school. Espera, espera espera. Atrasos, 40 minutos, minha vez.

"Sim." "Aham." "Entendo."

Perguntas, perguntas, perguntas. Horários. Se eu gosto de sorvete? Sim, por que? Qual a diferença isso faz na minha carreira jornalística eu não sei, mas prefiro de chocolate!

Chega, fui bem, eu acho. Retornar ligação da mãe, namorado sem celular. Ir pra casa. Pensar em almoçar três horas depois do normal me deu mais náuseas. Casa, enfim. Náuseas, email com namorado. Não EU NÃO SOU CABEÇA DURA! E sim, por que não um estágio nas férias?

Horas, dias, minutos, segundos, email. Mercado de trabalho, o que é isso mesmo? Acho que é o bicho papão que uma hora temos que encontrar.

To pensando em seguir o conselho do meu velho amigo sushi man, e mandar meu currículo pra ajudá-lo a fazer alguns temakis.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Conselho pra que?



Comecei com esse blog com uma intenção, entender algumas coisas, ou pelo menos tentar.
Vendo que meu outro blog, estava tratando de temas que não condiziam muito com seu nome resolvi mudar. Depois de muito tempo acabou dando certo, até em layouts aprendi a mexer.

Percebi que meu maior conflito vem da minha dificuldade de ouvir. Percebi também que esse não é um problema só meu. E foi difícil aceitar.

Quem nunca teve uma amiga que por mais que você falasse, ela nunca te ouvia? Quem nunca ouviu um “Eu te avisei”? Quem nunca se arrependeu de não fazer o que a mãe disse? E afinal de contas, quem nunca deu um conselho?

Cada pessoa merece um conselho diferente, uma palavra amiga diferente. Minhas amigas mesmo, enquanto para uma tenho de dizer que essa história de “amor livre” só funciona bem na teoria. Pra outra eu tento avisar que ela precisa de mais tempo de solteira, que pular de namorado em namorado só termina machucando ela mesma.

Enquanto algumas vivem os conflitos da vida de solteira, outras vivem os conflitos da vida de comprometidas, e até ai a variação continua. Para uma eu digo que tenha paciência, que supere dificuldades, que leve em conta o amor, que terminar é pior. Para outra tento lembrar que o namorado é um idiota, que ela merece coisa melhor.

Se alguma delas me ouviu? Não, nunca.

Só ouviram quando o destino resolveu mostrar que eu estava certa, claro. Aí foi minha vez de dizer que avisei.

Não vou dizer que sou mais certa, também não escuto o que me dizem, a gente nunca costuma aceitar o que não quer ouvir. E hoje depois de um vidro de Rifocina, meia hora de choro, sal, escândalo e água gelada, ainda tenho que ouvir minha mãe dizer que me avisou pra não usar a faca de serra.

É verdade, desde pequena ela me avisa que posso me machucar, e eu ouvi? Não, claro que não. Se agente não usa mesmo, não sei por que ainda insistimos em conselhos. Devo confessar que na maioria das vezes escuto minha mãe, mas de vez em quando, uma ou outra coisa passa despercebida.

Não espere desse blog uma seqüência de dicas e referencias do que fazer ou não fazer. Aqui você encontrará apenas uma seqüência de acontecimentos de alguém, que assim como você, não escuta o que os outros tentam ensinar. E só aprende na marra, muitas das vezes quebrando a cara.

Afinal, conselho pra que?