segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Seu tipinho


Já sai na ponta do pé, e não quis que me ligassem nunca mais. Já não quis que fossem embora, e senti saudade no dia seguinte. Eu já fui cheia de noites vazias, descompromissadas, que me renderam muitas histórias. Eu sou assim quando quero, não sabia? 

Já sair pra me divertir com minhas amigas, sem precisar ‘caçar’. Mas eu já cacei, é claro. Já cacei e já fui caçada, já fui presa e caçador. E assim como você, já fui vazia. Vazia várias vezes. Nas várias ressacas que eu tive, que nem a memória me sobrou. 

Eu posso ser várias em uma só. Posso muito bem ser aquele tipinho mulher que você sempre procura nas baladas, entre uma noite perdida ou outra. Eu posso ser o que eu quiser, pra quem eu quiser. Ou você acha que eu nunca fingi cair em conversa de tipinhos como você, que estão aos montes por aí?

Ah, meu bem. Se você soubesse quantos desamores eu já esqueci com álcool. E quantas vezes eu acabei me lembrando deles, junto com a dor de cabeça, no dia seguinte. Se você soubesse, quantos amores eu já tive da mesma maneira, e nem me lembrei deles quando acordei. 

Parece vazio, não é? Mas eu tenho bem mais pra contar, bem mais pra conhecer, e bem mais pra esquecer. Isso é só parte de mim, e é por isso que eu escolho. Por isso eu procuro, e eu me encontro. E posso me encontrar perdida por ai, ou em um lugar qualquer querendo apenas me distrair. Mas isso não é tudo.

Não sou do tipo que vai falar do relacionamento que já tive, ou do que quero ter. Do valor das mãos dadas, do cafuné durante a noite, de dormir de conchinha. Não vou falar do quanto é bom um chocolate quente pela manhã, ou da saudade de lavar uma pia de louça, quando só de ter alguém do meu lado pra secá-las, bastava.

Eu não vou comentar do meu último amor, nem do meu último namoro. Não vou te dizer há quanto tempo estou solteira, e contar os muitos casos vergonhosos que já tive nesse período. Não sou do tipo que sai por aí mostrando a balada da última semana, a próxima, e a do mês que vem que já comprei ingresso. Não vou te contar essas coisas, por mais que você possa passar horas falando sobre isso.

Tem horas que a gente vê que não dá certo, que não vale se adaptar que não vale procurar ou tentar esquecer. E tem hora que a gente vê que tem muito mais coisas novas por aí. Eu posso ser certa, mas também posso ser errada. Eu sou um pouco Tati Bernardi, sou dessas belas que de vez em quando insiste no burro, e acaba um pouco burra também. Mas sabe o que acontece? É que no fundo, eu não sou mesmo o seu tipinho.