terça-feira, 17 de agosto de 2010

Crescendo


Outro dia ouvi um plano que queria pra mim. Não sei bem se queria o projeto, a imaginação ou se queria apenas que aquilo desse certo.

Em uma dessas yogurterias, que começam com "Y", talvez para combinar melhor com shopping e toda sua rebusquez. Estava eu e meu yogurte de jabuticaba, curtindo o calor do inverno de Belo Horizonte, quando um garoto de uns 10 anos talvez contou para sua mãe o que faria quando fosse "gente grande".

Sem plano elaboração, execução, tempo, dinheiro ou qualquer fator racional, que possa existir na cabeça de um adulto qualquer, que vive nesse nosso mundo capitalista. Ele contou seu plano da mesma maneira que eu contava pra minha mãe que seria uma médica um dia.

"Vou comprar o Central Park! Vai ser o maior zoológico do mundo."

Provavelmente ele não sabe que já há um zoológico lá, ou ele viu Madagascar muitas vezes, e quer aumentar o projeto do parque. Não sei qual a estratégia econômica ele irá usar, nem mesmo de qual fundo de investimento sairá o dinheiro. Ou vai saber o dinheiro pra isso está guardado no cofrinho do Ben 10 que ele ganhou do último natal.

O cofrinho eu deduzi pelo tênis do Ben 10 que brilhava cada vez que ele batia o pé no chão. Enfim, o que importa é que ele vai ter o maior Zoológico do mundo. Do jeito que o mundo está, não sabemos afinal se o Central Park entrará em um leilão um dia, talvez esse seja o único jeito dele conseguir o que ele quer.

Quando ele falou era tudo tão simples, simples como quando eu pensava em ser médica um dia, sem pensar nos dez anos na faculdade, nas práticas com corpos, no amor pela biologia e por tudo mais que hoje faz dessa profissão algo que realmente não quero pra mim.

E quem diria, hoje faço jornalismo. Minha amiga que queria ser bailarina, faz engenharia de alguma coisa. A que seria modelo, faz nutrição. O meu amigo que ia ser médico comigo, virou advogado. Fatos aleatórios, monótonos, e esperados.

Esperados por adultos descrédulos de sonhos, de ilusões, de imaginação. Adultos que me incluem, e incluem meu amigo advogado e minha amiga engenheira. Tudo monótono demais, sem graça demais, real demais.

Por que legal mesmo, é comprar o Central Park.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Enjôo


Já ouvi muitas expressões para definir o que sempre faço, mas a melhor dela é "Enjôo". Sim eu enjôo, e não que isso seja um sintoma de alguma doença. Talvez até seja, sintoma de um distúrbio psicológico, mas quem liga?

Bom, desde sempre, desde que me entendo como um ser humano, membro de uma sociedade, inserida em um sistema que algum inteligente denominou de capitalismo (bom, eu não entendia tudo isso.), eu enjôo. De tudo, ou melhor de quase tudo.

Nunca enjoei do amor, é um mal, ou bem que me persegue, e que talvez como o meu distúrbio do enjôo, seja algo físico.

Fora isso, considero que o problema se aplique à tudo, até agora não provei o contrário. Quando estava no maternal, ou em qualquer outra denominação usada para escolinha de crianças de até 5 anos, meu lanche era meia lata de ervilhas. Minha mãe colocava as ervilhas na lancheira, e era minha maior felicidade. Você deve estar pensando, nossa, ela ama ervilhas. Atualmente não como, eu enjoei.

Mais ou menos na mesma época, minha mãe desenvolveu uma estratégia para lidar com tais "enjôos". Sempre que começava a me cansar da boneca nova, do ursinho novo, ela guardava. Haviam caixas e mais caixas de brinquedos, e toda vez que uma delas era aberta, depois de uma longa espera, se tornava uma festa, e os enjôos não começavam, nem existiam.

Atualmente uso quase a mesma técnica com minhas roupas. Elas são separadas por estação, e assim que o tempo muda drásticamente é hora de guardar umas, e ter novas roupas. Funciona muito bem, e o número de roupas tem aumentado por isso, o que demonstra certo problema, mas que não me incomoda.

Ninguém entende ao certo o que acontece comigo, de repente acontece. Enjôo do restaurante, do lugar, da sala de aula, dos colegas, do lugar da cama. Simplesmente acontece, como está acontecendo agora.

Enjoei desse texto.