domingo, 28 de novembro de 2010

Ponto final

Tudo sempre tem um fim. Os finais não avisam quando chegam, eles chegam devagar, sem deixar rastros ou abrir caminhos. Você se distrai por uns minutos, meses ou anos, e quando vê está ali diante de você. Escancarado, pra quem quiser ver.

Um dia o presente vira passado. A rotina vira lembrança, e a saudade chega pra te avisar. Você trocou de amigos, de roupas de amores. A cidade continua a mesma, as ruas também, os carros, estes sim estão diferentes. Você está diferente, e pra você a cidade está muito diferente. Assim como os carros, e as pessoas também mudaram.

Você custa a aceitar, até outro dia você via aquela amiga todos os dias. Hoje você acha que foi com ela que você trombou no supermercado.

Por que um dia você vai encontrar com aquele amigo de anos, que jurava ser seu amigo de infância. Aquele amigo que você sabia de cor o nome e sobrenome dos avós. Daqueles amigos que os três gatos eram como seus, e você tinha até colocado o nome em um deles.

Nesse dia vocês vão se encontrar, e se reconhecerem já será um grande alívio. Você vai perguntar dos avós. Talvez ele te pergunte de seu irmão, e daquele cachorro que morreu há uns três anos. Mas você não vai ter lembrado o nome dos avós dele, vai ter esquecido a raça dos gatos, e talvez nem tenha a certeza se eram realmente três gatos. Talvez fossem quatro ou cinco. Não importa, você achou ele um chato mesmo.

É nesses dias que você consegue visualizar o fim. Fim de uma década, fim de uma amizade, talvez. Quem sabe nunca foi mesmo uma amizade. Finais são assim, inevitáveis, e fracos diante da força do tempo. E são muito mais comuns em nossa vida, do que queremos mesmo acreditar. Talvez por isso nos causem tanto medo.

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