quinta-feira, 30 de junho de 2011

Constelação imaginária

Daqui uns dias eu vou acordar depois de mais um dos sonhos que você aparece. Já deixaram de ser sonhos há muito tempo, viraram pesadelos, e por isso me acordam. Quando eu acordar, vou fazer como sempre faço, vou levantar e pegar um copo de água bem gelada, tão gelada que vão me doer os dentes. 

Enquanto esqueço da dor, vou me sentar na varanda como sempre faço, vou ficar tanto tempo que a água vai aquecer. Enquanto ela aquece, de novo, fracassadamente, vou tentar achar aquela constelação de nome estranho que você me mostrou um dia. Ela nunca vai estar lá, na verdade acho que você inventou pra me fazer rir, e parecer um pouco mais intelectual. Acho que é por isso que eu queria tanto achá-la.

Vou tentar me convencer a parar de procurar. Mas não vou parar, você conhece minha teimosia. Uma hora, como sempre, vou me contentar com o Cruzeiro do Sul. 

Com todas as minhas forças, vou ignorar a vontade desesperada de te ligar, de mandar mensagem ou pegar o carro e parar na sua porta. A vontade não vai passar. E eu não vou ter desistido de achar aquela constelação. Pelo simples fato de você ter me prometido que, quando eu olhasse para ela, mesmo que você não estivesse olhando, estaria pensando em mim. 

Vou terminar de beber minha água, agora quente, vou trancar a porta e voltar a dormir. E você nunca vai saber da existência dessa noite. Assim como não soube de nenhuma das outras.

10/12/2009

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Desgostando




Seria mais fácil se as coisas tivessem uma ordem menos cronológica, que seguisse mais o que a gente quer e não o que a gente sente. Porque quando a gente resolve gostar, é fácil não ver defeitos, se deixar levar e acreditar em paixões, em amores. Você acredita na felicidade no casamento da prima, da amiga da tia, que encontrou seu príncipe encantado.

Porque se apaixonar é muito fácil, muito simples. É fácil adaptar horários, e se encontrar para um jantar durante a semana, ou um cinema. A perfeição está nos olhos de quem vê, e talvez por isso mesmo seja tão fácil. 

Difícil é esquecer toda a perfeição, que talvez nossos olhos tenham criado. Porque uma hora a realidade bate na porta, e geralmente ela bate a porta na sua cara, e dói. E você percebe que tem que se convencer que sim, todos os defeitos que suas amigas apontaram, existem.

Mas quando você resolve desgostar, resolve esquecer e usar o verbo "superei", aí o bicho pega. A felicidade alheia vem ser estampada na sua cara, junto com um buquê de rosas em plena segunda feira a tarde. Buquê que sua amiga recebeu, do namorado que ela vai casar um dia, e que você jura ser o casal perfeito.

Junto com a felicidade alheia, vem a amiga desiludida que engordou 5kg depois do fim do último namoro, seguido de uma temporada de 'Sex And The City' com brigadeiro. E amiga desiludida que te conta o caso da outra amiga que emagreceu 10kg depois do chifre do namorado, que na época era noivo.

Você se lembra dos buquês de rosas que já ganhou, e que ainda tem uma rosa seca dentro daquele livro que nunca terminou de ler. Lembra também que sabe de cor a maioria das falas de 'Sex And The City', por que afinal, você também já passou por isso antes.

E você tão confiante da sua auto estima, e da sua superação, começa a ter fé, a ter esperança no tempo, e a fazer regime para caber na calça jeans. Nessas horas geralmente o tempo não passa, por simplesmente você querer que ele passe depressa.

E aí você se dá conta que está sozinha, e que o inverno é mais frio do que você imaginava, ainda mais durante a noite. E a falta vem devagar, te mostrando que você não sente falta. Por que não se pode sentir falta do que não se teve, do que não existia. E o tempo continua no seu ritmo normal, por mais que você continue cheia de certeza de que ele nunca vai passar, você só não se deu conta que ele já está passando.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Existe alguém


De vez em quando a curiosidade me pega desprevenida, me coloca em alerta e me deixa fazendo perguntas sozinha. Daquele tipo de perguntas que a gente não sabe responder, que nos deixa pensando, cogitando e esquecendo da realidade por alguns segundos.

Nas vezes que a minha curiosidade insiste em me visitar, são geralmente as vezes que eu me pego fazendo aquilo, que eu juro que ninguém nunca ficará sabendo. Daquelas coisas que podem ser motivo de vergonha, mas que no fundo todo mundo faz. Aquele tipo de coisa boba, apaixonada que a gente esconde até da gente mesmo quando vê que está fazendo. Por que no fundo, é todo mundo idiota nesses casos.

Todo mundo queria saber um dia se existe alguém no mundo, que tem seu telefone na agenda e não tem coragem de ligar. Se existe alguém que já escreveu mensagens, e não teve coragem de enviar.

Saber se já abriram a janela do MSN, e não disseram nada. Se já inventaram desculpas imbecis, só para poder puxar algum assunto, que não fosse o tempo. Se existe alguém que visita o seu perfil no twitter, só para saber como andam as coisas.

Saber se existe alguém que curte as suas coisas do facebook, mesmo sem clicar no curtir. Todo mundo queria saber se alguém sabe o seu nome, telefone, endereço e sobrenome. Se alguém sonha com você, e acorda com vontade de dormir pra sempre.

Por que sim, já fiz todas essas coisas. Fiz várias vezes, fiz com pessoas diferentes, e com pessoas que nem sonhariam que isso já aconteceu. E por incrível que pareça, nessas horas eu sabia que existia alguém, e esse alguém era eu, mas disso ninguém precisava ficar sabendo.

E quando a curiosidade chega, me distrai e me faz pensar, eu só queria ficar sabendo se existe alguém que também já fez isso. Talvez eu me sentiria um pouco menos idiota assim. Por que eu só queria saber se existe alguém, que fez isso por mim.