segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Relevando


Tem dias que eu fico me perguntando, como a vida pode ser tão preenchida de coisas relevantes?

Sabe, eu nunca quis saber a história do fulano que se intitula menor da favela. Na verdade nem sabia que ele existe, mas pelo barulho, por que convenhamos aquilo não é música, eu já sei de quase toda a história dele. E ainda pude calcular que pelo jeito menor ele não é a muitos anos, quanto mais da favela, por que sempre tem um filinho de papai feito meu irmão pra bancar um tipinho desses.

Como se não bastasse, enquanto penso em algo tão relevante como o que acabei de escrever, nesse meio tempo devo ter twittado umas 4 vezes ou mais, sobre coisas como o calor, o tempo seco, a raiva da amiga, e as complicações do ínicio de semestre na faculdade.

Entre duas twittadas, o celular, a revista, o roller coaster. É tanta relevância que acabo me relevando.

Nesse ritmo esqueço acentos, palavras, nomes, fisionomias, e sentimentos, me perco. Perco sentidos.

Na facilidade de comprar a comida pronta, morro de saudade do arroz com feijão da minha mãe, aquele mesmo que eu repetia “de novo isso?” todas as vezes que chegava faminta da escola e sentia aquele cheiro. O tão relevante cheiro, que hoje virou saudade.

As vezes relevamos tanto, que acabamos esquecendo, e de tão relevantes as coisas somem, e aí vem a saudade. Por enquanto só queria relevar a saudade do cheiro do almoço da minha mãe, a raiva do rap do menor da favela, e o nariz ressecado pelo tempo seco.

E quem sabe depois de isso tudo, lembro de não me relevar.

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