segunda-feira, 28 de junho de 2010

Vitória


Já ouviu falar da expressão, síndrome do ninho vazio?

Pois é, é o que acontece com mulheres, mais ou menos na meia idade, quando elas se dão conta que seus filhos já não precisam mais delas. Eles crescem e vão pra faculdade, e ela tem de lidar com seu ninho vazio.

Por íncrivel que pareça, acho que estou passando por algo bem similar. Depois de assistir "Toy Story 3" e sair aos prantos, começei a pensar nisso. Não sei você, mas eu fui criada basicamente na ilusão de Toy Story. Sempre soube que não era verdade, mas adorava acreditar na vida dos meus brinquedos.

Imaginava a Barbie uma patricinha chata, que só queria vestidos e roupas, e desprezava a prole a sua volta. Era uma Gossip Girl dos brinquedos. A Polly era mais infantilizada, mas não menos arrogante que a barbie, ainda mais com seu enorme closet de roupas.

Meus ursinhos de pelúcia eram todos fofos, exceto pelo palhaço. Então dei um jeito de me livrar dele, tamanho o medo que aquela criatura me dava. Eu tive a Baby Barriguinha, Bebê Baiinho, Meu bebê da estrela. Armarios de cozinha do meu tamanho, espaço pra brincar, e fogão de lenha pra fazer comidinha.

Ao sair do cinema começei a lembrar disso tudo. Pior, lembrei do armario que doei, não lembrei em qual armário estava a Baby barriguinha, e não achei a banheirinha da Bebê baiinho. Tristeza. Mas não conseguia parar de pensar na Vitória.

Devo apresentar-lhes a Vitória. Ela é o Meu Bebê da Estrela, tem exatos 17 anos e dois meses, e foi meu presente de aniversário de 2 anos. Se eu fosse o Andy ela seria meu Xerife Wood. Vitória sempre foi a preferida, a mais linda, mais usada. Já foi pro hospital de brinquedos 2 vezes, sempre volta de cabelinho, e sempre tiro de novo.

Atualmente a Vitória fica em cima da minha cama, usando fralda de verdade. Seu macacão também é de verdade, comprei em uma loja linda na Savassi. Depois de Toy Story, e de todo meu choro, percebi que ela merecia algo, mais amor, e atenção. Fiquei pensando na tristeza dela de ser jogada no puuf cada vez que eu arrumo minha cama pra dormir, e olha que até que as vezes dormimos juntas!

Alguns podem achar estranho, mas conheço muita gente que é assim, e a maioria tem vergonha. Tenho uma amiga, que tem uma amiga chamada Amanda, ela é uma boneca da Eliana, daquelas que tinha nosso tamanho, e se déssemos a mão ela andava. Amanda é uma boneca sortuda assim como a Vitória, que até hoje tem o amor de sua dona.

Aos 17 anos ganhei uma nova boneca, a Laura. Ela é uma daquelas bonecas que todo mundo olha na vitrine da loja do shopping e morre de amor. Tem o peso de um recém nascido, roupas estilizadas, fralda e cabelos impecáveis. Minha primeira compra pra ela foi na mesma loja que comprei os macacões da Vitória, comprei uma luva pra preservar sua mãozinha.

Você deve estar de perguntando como, uma menina de 19 anos age assim. É simples, não tenho a força do Andy pra me livrar de brinquedos, eles são parte de mim. Creio, que isso tem algo haver com meu instinto materno afiado. Depois do filme troquei a fralda da vitória, e seu macacão. A Laura foi brincar com minha sobrinha, já que dessa fase eu já passei.

Bom, quanto a Vitória, eu tinha me esquecido de como é bom dormir com ela.

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