sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Independente



Não preciso de um homem para carregar o lixo, levar as compras, me viro muito bem quando isso precisa ser feito. Não preciso de um homem que me leve aos lugares, tenho carro e sei muito bem me virar sozinha. 

Claro que é mais fácil ter um homem alto, disponível para trocar a lâmpada. Mas não há problema em arrastar a cadeira, e num simples movimento de parafuso, colocar a lâmpada nova em seu devido lugar.

Atualmente mulheres independentes assustam, homens se sentem meninos. Existem aqueles que não ligam, mas ainda há aqueles que se incomodam em ser deixados em casa. E ainda há mulheres que não querem esse papel.

Ora, existe o equilíbrio, e ele deve ser seguido. Não é que ser independente significa depressão, solidão ou estar encalhada. As coisas são complicadas, e muito simples, existe a opção.

Relacionamentos não são baseados em dependência, carência. Relacionamentos são opcionais, compartilhados, recíprocos. E se um relacionamento não é o que você procura, é melhor ficar sozinho.

É claro que às vezes bate aquela solidão, uma saudade que não tem de quem, é só saudade de querer estar junto. Mas estar junto por estar, não vale. Saudade de poder deixar o carro em casa e ser levada na farmácia. De deixar de ir pra balada por causa de uma vontade repentina de ir ao cinema.

Saudade de colo e de cafuné, de frio na barriga e de sentir saudade. Não é que a solidão seja um problema, até mesmo em relacionamentos ela é necessária. A individualidade costuma ser desvalorizada, esquecida e rejeitada.

É uma delícia escolher passar uma sexta-feira a noite vendo séries, debaixo das cobertas e comendo pipoca. Ainda mais quando você escolhe a série, o fondor da pipoca e usa a sua coberta velha. Mas é como já diz a música, é que um carinho às vezes faz bem.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Silêncio



Você foi como quem tem hora pra partir, como o vizinho apressado que não espera a senhora do segundo andar, na hora de entrar no elevador. Foi rápido, com pressa, sem olhar pra trás, enquanto estava muito concentrado nos obstáculos que deveria desviar.

Podia ser mais fácil, a distância que criamos é maior que a realidade. Pegar o carro, andar um ou dois quarteirões, parar na sua porta e buzinar. Fazer um escândalo, acordar vizinhos, só para você chegar na janela e me chamar de idiota, mas descer correndo pra me dar um beijo.

Sim, podia ser fácil, podia ser simples, podia ser real. Como no dia que vi você me olhando e dizendo que sentiu saudade, sem reação eu não disse que também senti. Não aproveitei seu abraço, nem o seu beijo eufórico. 

Me calei e sorri, como se aquilo não fosse nada. Como se por dentro não houvesse uma vontade enorme de te pedir pra ficar mais um pouco, por que eu não queria que a saudade voltasse.

Você me ligou quando eu já não esperava, quando aquela última esperança já havia sido encoberta pela saudade amargurada. Era tarde demais, a vontade se virou contra mim, e resolveu deixar claro que a vontade única não funciona.

Não adiantava querer todos os dias, sentir saudade, esperar o telefone tocar enquanto ele não toca. As coisas teriam que fluir, acontecer, e não deixar-nos enlouquecidos para que aconteça logo.

E na hora que eu sinto vontade de ir até a sua porta, fazer qualquer coisa, um escândalo que seja. Percebo que nem coragem para te ligar eu tenho. Que eu te espero, te quero, e sinto saudade, e que você nem sabe.

E as coisas seguem assim complicadas, e completamente simples. Por que o telefone está ali, com seu número. E agora, eu prefiro que fique assim. Não quero ser sua opção, nem te ter como opção para uma noite tediosa. Deixa a distância entre nós dois calar os murmurinhos da saudade, enquanto o silêncio do tempo me deixa te esquecer.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Hora errada


Muitas vezes a gente se pergunta por que as coisas foram assim, propõe hipóteses, cria empecilhos e arruma uma justificativa qualquer para a dúvida que fica no ar. Por que às vezes as coisas não acontecem do jeito que a gente quer, fogem do controle e acabam.

Imprevistos, o velho mau do mundo pós-moderno, moderno, capitalista ou pré-histórico. O mundo tem sua lei própria, incontrolável e inexplicável, por que a gente nunca sabe mesmo a hora que as coisas vão acontecer, ou acabar.

Outro dia vi um filme que a protagonista comia a sobremesa antes do jantar, pelo simples fato de ela não ter garantia nenhuma de que estaria viva para o tão esperado doce. E nesse meio tempo eu me lembrei da minha mania de sempre deixar as coisas boas para o final, mas a gente nunca sabe quando o final vai chegar.

Coisas imprevisíveis, sim, imprevisíveis. Você nunca sabe quando vai aparecer alguém bom na sua vida, que vai te fazer melhor, que vai ser parte de você. Você sabe menos ainda quando isso vai acabar, quando a pessoa vai embora. Pior é ver isso em alguém e não ser a pessoa certa, por que tudo tem sua hora certa.

Uma amiga me disse que tinha encontrado sua alma gêmea, um cara que a completava. Tinham os mesmos gostos, curtiam cada momento juntos, podiam passar horas, dias conversando e se divertindo só pela companhia um do outro. Mas não deu certo, e quando eu perguntei por que, ela disse com uma voz de quem entendeu o que tinha acontecido. Eles simplesmente não se apaixonaram.

Por que as coisas são assim, elas tem o tempo certo, e às vezes elas só não tem que acontecer. Um dia o cara some, você some, as vidas seguem e as coisas continuam. Talvez você não esteja esperando quando “O” cara certo aparecer, e talvez você só se dê conta disso quando já tiver acontecido. São muitos “talvez” que nós mulheres resolvemos usar para justificar a ordem natural das coisas.

Talvez ele te ligue amanhã, talvez ele não te ligue. Talvez você suma, talvez ele apareça. Talvez ele não fosse o cara certo, talvez você fosse pouco demais pra ele. Talvez você fosse muito, talvez ele tenha achado que você sumiu. Talvez dê certo um dia, talvez não era para dar certo. Afinal, talvez as coisas tivessem que ser assim.

Por que na maioria dos casos, só não era “A” hora certa. Ele não te usou, não te esqueceu, não te achou chata, nem pouco pra ele. Por que a hora errada não é uma ligação tarde da noite, ou a falta dela. A hora errada é o ponto final que elimina os “talvez”. E faz com que você entenda que uma hora, a hora errada fica certa.

domingo, 7 de agosto de 2011

Sinto falta


Esses dias eu senti sua falta, como sempre sinto. Quis te ligar e te contar da última festa que fui e tocou nossa música, e eu dancei como se você estivesse ali comigo. Ficou vazio, mas era você ali, ainda que presente só no refrão viciante da melodia.

Eu iria te falar dos meus últimos amores, das minhas novas amigas, das descobertas e das saudades. Queria sentar e tomar uma cerveja, por que eu sabia que só a sua presença já me completaria. E seus conselhos que como um mantra eu ainda repito, me fizeram falta.

Aos poucos deixei algumas palavras serem esquecidas, suas últimas falas tristes não existem mais. Ficou sua felicidade, minha felicidade ao seu lado, por que nessas horas é o que fica. E eu ainda tenho seus óculos na minha caixa de coisas boas, tenho suas cartas, tenho nossas histórias, e são elas que me fazem o que eu sou.

Tenho a saudade, que às vezes vem bater mais forte. Ainda não sei ao certo quanto tempo dura a saudade, na verdade eu sei, mas a saudade me incomoda muito para que eu queira remoer.

Ainda olho as fotos quando quero ouvir sua voz, e eu leio o que te escrevi e não mandei, e dói bem lá fundo. A gente era tão igual, que sinto o vazio como uma parte que me completa. E agradeço por cada momento que ainda posso chamar de meu.

Eu quis te escrever, e quis apagar cada palavra como se ela não fosse capaz de dizer tudo o que eu estava pensando. E eu comecei a me perguntar se as coisas precisam ser ditas. Eu nunca te disse tudo, você sabia sem eu dizer, e isso sempre me bastou.

Não gosto de pensar na gente como almas gêmeas, metades que se completam. Éramos tão iguais que chegava a ser previsível cada atitude sua, cada risada, cada briga, cada pedido de desculpas em meio as nossas madrugadas.

Eu sinto sua falta a cada dia, a cada hora, em cada lugar, em cada amigo seu que encontro despercebido em alguma esquina. E eu me sinto previsível e chata por pensar tanto em você, mas agradeço, por ter tido cada momento.

Queria apenas te contar as coisas banais do meu dia, e saber que você ouviu tudo, entendeu e me falou as poucas verdades que eu precisava ouvir. Acho que fiquei mais boba sem você, mais chata e sem chão, mas essas coisas eu não posso evitar.

Você não se foi, eu ainda insisto em achar que não te deixei ir. E acho que é em vão cada palavra que falo, escrevo e digo. Sei que você está aqui comigo, mais do que quando estava de verdade.

Ainda leio signos, e sinto plena antipatia por Libra, mas tenho tentado ser tolerante. Você fez de mim o que eu sou hoje, e sei que eu não fui pouco pra você em vida.

Eu ainda te amo. Eu sempre te amei, e sempre vou te amar. Essa não vai ser a primeira, nem a última das cartas bobas que te escrevo e não entrego. É que às vezes é difícil esconder a dor quando as lágrimas me rasgam por dentro.

E quando eu me sinto boba, muito piranha, ou muito triste, escuto você me xingando. Me mandando parar com isso, que sou ariana e mereço mais do que tenho de verdade. Estou com saudades, e isso me deixa sentimental, não fique bravo. É só que nossa música acabou de tocar, e eu quis com todas as forças te ligar. Ok?