domingo, 29 de maio de 2011

Fusível queimado



Outro dia enquanto eu me distraia com as minhas leituras de “O que toda mulher...” ou “Por que todo homem...”, e outros diversos títulos de auto-ajuda feminina. Me vi reparando no canto esquecido do meu quarto, que eu possuo um aparelho de TV a cabo. Abandonado, bem ao lado dá televisão que há muito tempo está quebrada. E se bem me lembro, além de tudo, eu possuo um pacote digital de TV a cabo. Sim, era pra eu ter imagem em high definition no meu quarto.

E diante da televisão quebrada, eu me perguntei o porque daquilo. Uma mesa, cabos, ligações e aparelhos tecnológicos, para uma televisão quebrada. E a cena não saía da minha cabeça, aquilo se tornou tão vazio.

No fim das contas eu acho que todo mundo é um aparelho de TV a cabo, e alguns são sim em HD. E todo mundo sai por aí procurando uma televisão, escolhendo a melhor marca, o melhor modelo. Quer aquele aparelho perfeito, que vai combinar com o ambiente e se encaixar perfeitamente no receptor digital. E olha, começou a me incomodar muito ver aquela televisão quebrada, ocupando um espaço enorme no meu quarto, no meu dia-a-dia.

Estranho pensar naquilo, naquela situação implícita bem diante dos meus olhos. Comecei a reparar os diversos modelos de televisão, nos diversos receptores de TV, e na verdade, ando reparando até na qualidade das imagens. É estranho pensar assim, parece meio vazio começar a comparar pessoas com aparelhos. Fui comentar isso com uma amiga, e ela me perguntou se eu havia me apaixonado por um cara em HDTV.

Na verdade, se depender da minha TV quebrada, e do meu aparelho desativado da Net, eu talvez tenha me apaixonado em preto e branco. Se eu pudesse comparar com um filme, seria um desses que passa na sessão da tarde. Isso se realmente me apaixonei um dia. Não considero isso desilusão, pelo contrário, isso se chama consciência.

Eu bem podia dizer que não mandei a TV concertar, porque não quero continuar usando uma televisão pequena e velha, enquanto eu não compro outra melhor. Sinceramente, eu nunca curti aquele ditado de “Quem não tem cão, caça com gato”. Se não tem cão não caça, ponto final. Mas eu já tenho tudo, e posso concertar a televisão.

Não estou dizendo que estou me contentando com uma televisão velha. Eu estou concertando o que eu tenho. E eu acho que é isso que a maioria das pessoas, principalmente mulheres, deveriam aprender. Ninguém precisa sair por aí no desespero, atrás de qualquer liquidação só pra ter uma imagem mais ou menos. Talvez a TV queimada tenha me mostrado muito mais coisas quando estragou, do que durante a sua vida útil.

Nesse momento vendo minha televisão 19 polegadas, passando um programa científico, em um dos canais com mais de três dígitos, eu me peguei feliz. Porque às vezes as coisas são mais simples do que a gente pensa. Não que eu tenha concertado sozinha, o fusível queimado da minha televisão. Mas agora a TV funciona, ela é minha, e eu não tenho que dividir o controle com ninguém. E vai ver, essa é a melhor parte.

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