quarta-feira, 25 de maio de 2011

Conhecida


Ela foi pelo caminho que escolheu, e não se importou com a distância. Mal se virou quando você disse que não iria, era mais fácil evitar as despedidas. Ela não queria que você a visse pela última vez, sem aquele brilho nos olhos que você criou.

As decisões pesaram na bagagem que ela carregava, e por mais que ela quisesse, não podia abandoná-las na primeira esquina. Voltar não era uma opção, certos caminhos, não têm volta. E ela seguiu com a esperança de que entroncamentos surgissem, e que um dia desvios fossem possíveis. Continuou em frente, como se a esperança do destino fosse mudar o final da trilha, criando um novo começo.

Cada vez que ela pensava em um final, as distâncias se tornavam menores. Ela teve medo quando deu as costas, teve medo no primeiro vento que sentiu no rosto, mas você tinha dito que ela tinha de ter menos medo das coisas. Menos medo do amor, menos medo da dor, menos medo do adeus. Porque as coisas que não podemos controlar dão medo.

E pela primeira vez ela sentiu o medo como parte de um todo, como parte de um início, ela sentiu que o medo era seu, e seguiria com ela. Ela sabia que ele vinha de mãos dadas com a saudade, que já começava a apertar o peito. E quando apertava, ela lembrava da sua voz em seu ouvido, dizendo pra não ter medo.

Ela fez escolhas, ela se despediu, ela foi pelo caminho que poderia trilhar sozinha. E ela sabia, que no fundo tinha a esperança de que o caminho a levasse de volta a você, mesmo sabendo que se ela voltasse você não estaria mais ali. E talvez ela nunca voltasse ali.

Entre todas as novidades, todas as pessoas, todos os desvios, todas as saudades, todas as lembranças, ela se esqueceu do medo que sentia. Ela já não tinha medo de te encontrar na próxima esquina, porque era ela. E porque ela, você não conhecia.

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