sexta-feira, 13 de maio de 2011

Divórcio


Onde fica o “felizes para sempre” na hora que um simples papel acaba com tudo? Pra onde vai o amor, as juras e promessas? Onde fica a saudade, a vontade de ficar juntos, os planos pra depois? Pra onde mandar a casa, os filhos, os primos, tios e avós que um simples papel fez surgir na sua vida?

Dizem que o amor existe que ele é forte, e invencível. Que passa por cima de qualquer barreira, de tempo, de espaço. Mas ele realmente existe? E quando os contos de fadas modernos vêm tirar toda a magia das histórias de amor? Quando com um papel assinado, a história acaba. A princesa fica com o castelo, dois carros, e os cachorros. E o príncipe fica com a casa de praia e o carro esportivo.

Parece que a simplificação da vida, acaba complicando demais o que deveria ser o mais simples nisso tudo. Criam-se empecilhos, a princesa não quer o castelo por que ele é pequeno demais, e o príncipe não quer o castelo por que preferia morar em uma casa na praia. Por que a princesa não escolhe o castelo na praia, e o príncipe aceita morar em um castelo, não por ser na praia, mas por estar com a princesa?

Individualismo. Creio ser esse o termo exato para descrever o amor no século XXI. Porque amor existe, existe amor próprio. Existem prioridades egoístas, que passam por cima de qualquer amor do século XIX.

Acredito em paixões, dessas avassaladoras, que fazem duas pessoas abrirem mão de tudo só para ter a companhia desejada. Mas nós não nos acostumamos ao amor, por que amor é dificuldade, é batalha, é tedioso e cansativo. Amor é sofrer, e se reconfortar, apenas por amar. Amor é não reclamar de um final de semana na cama. É achar bom economizar cozinhando em casa. Afinal, se tem amor, pra que dinheiro mesmo?

Amor é aquela coisa tediosa, que tememos quando começamos a nos apaixonar. Porque o amor também dá medo. Dá medo imaginar vários dias iguais, rotinas que incluem cinema, filme, pipoca, brigas, reconciliação, e mais brigas. Você vai ter medo de acordar e olhar pro lado e questionar se é aquilo mesmo o que queria, mesmo sabendo que lá no fundo há uma certeza inquestionável.

Quando você ama, atura manias estranhas, aceita mudanças e se adapta a um cotidiano. Porque amor não é quente como paixão, o amor é o que sobra da paixão. No amor não tem frio na barriga, não tem insegurança, não tem horas olhando para o celular esperando ele tocar. Porque quando é amor, você sabe que vai tocar.

Amor é simples demais, pra vida conturbada e agitada que estamos acostumados, e queremos ter. Não é fácil achar o amor, por que ele não se acha. Ele se esconde por baixos do véu mais simples, que você nem desconfia escondê-lo, mas você tem medo de achar. E por isso é tão difícil de acreditar em amor atualmente, já que muitas vezes o que vemos não é amor.

Se amor existe? Sim, existe em uma terra bem, bem distante. Onde príncipes e princesas não se importam de ver sua vida ser calma e serena. Onde as pessoas não têm medo de deixar um sentimento guiar suas escolhas, não tem medo de encontrar o chamado amor, mesmo que esse possa decepcioná-las. Nessa terra o chamado divórcio também existe, mas ele fica guardado junto com a bruxa má, da torre mais alta de um vale sombrio.

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