segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Entropia


Eu só queria que as coisas fossem mais simples, que eu soubesse a equação do PI e que com ela eu pudesse assim, facilmente, decifrar esse tanto de coisa que não entendendo, nem tentando muito.

Por que eu não pude escolher estudar uma ciência exata, onde tudo se explica como se fosse uma simples equação onde dois mais dois viram quatro, por uma simples lei da natureza?

Desconfio até hoje da história que me contaram que sou feita de moléculas, átomos, e qualquer outra partícula invisível a olho nu. Desde quando é possível acreditar, que no fundo, eu sou constituída da mesma partícula que forma uma porta, ou o hardware de ultima geração, do computador do meu vizinho?

Não é pedir muito, querer entender as coisas. Não é pedir muito, querer só entender mais um pouco. Poder compreender por que a gente gosta, desgosta, usa, ama e esquece as pessoas.

Eu ando em uma fase introspectiva, onde tudo o que fazia sentido, se perdeu. Não dá muito bem pra entender, quando as coisas se perdem, ou passam a fazer sentido na nossa vida. Acho que a vida é isso, um vem e vai constante, uma maré onde a gente só bóia e se deixa levar.

Às vezes me pego acreditando em histórias de amor que passam no noticiário de domingo à noite, e acredito irracionalmente que posso, um dia, encontrar o amor da minha vida no metrô. E ele vai pedir meu telefone, e eu vou passar o número errado. E simplesmente eu vou me arrepender, a tempo do destino me deixar voltar atrás, e conseguir com que ele me ligue. E no fim a gente vai se casar e viver feliz pra sempre, com um filhinho lindo.

As coisas são muito relativas para que alguma força superior questionável, me faça acreditar que é tudo exato demais. Que pessoas bonitas vêm de uma equação, que está presente naquele sorriso estranho da Monalisa.

Comecei a acreditar que essa história de amor vem da fé, ou de alguma coisa similar. Pelo simples fato, de ver as pessoas acreditarem em algo, que não pode existir. Ando descrente demais, eu sei. Ando achando essa coisa de amor meio ilusória, e com graça demais.

Sei que falando assim, pareço a tia chata de setenta anos, sentada no casamento do primo de terceiro grau. Mas no fundo, é isso mesmo, por que casamentos hoje podem ser considerados longos, quando passam de um ano e meio. E por incrível que pareça, ainda chamam isso de amor. Ora, amor não seria conviver com defeitos, superar dificuldades e juntos, viver cada dia, da guerra diária de uma vida à dois?

Desde quando amor virou desistir na primeira dificuldade, esquecer dos juramentos e ir pra cama com a vizinha? Deve ser por isso que ando meio perdida, querendo esquecer o que aprendi, e acreditei.

No fundo a frase da vilã da novela das oito sobre o amor, me deixou meio pensativa. Era algo sobre o amor não existir, e ele ser só uma justificativa para as pessoas se sentirem melhor quando se sentem atraídas umas pelas outras. E quando elas acabam se usando e transando, elas chamam isso de amor.

Talvez eu ande vendo TV aberta demais, e devesse ter prestado mais atenção nas aulas de química, biologia, e essa coisa toda. Eu também poderia acreditar nessa coisa de ligações químicas dos neurônios, que explicam as nossas reações. Nessa história física, de dois corpos que se atraem, por uma força magnética. E acreditar que o destino é uma força do universo, que colabora com essa equação toda. O problema é que no final das contas, eu nunca ando de metrô.

Entropia:
"É uma grandeza apropriada para caracterizar o grau de desordem e degradação da energia, envolvidos nos processos inversíveis. Em todos os processos naturais irreversíveis, a entropia total sempre aumenta."

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