sábado, 30 de julho de 2011

Reencontro (II)

(Continuando...)

Seu corpo já começava a doer de tanto ficar na mesma posição, entre uma virada e outra pela cama ela despertava aos poucos. E enquanto despertava, tentava se lembrar da seqüência dos fatos. Primeiro não tinha nada para fazer em pleno sábado a noite, já na terceira vez em que relia sua agenda de contatos, enquanto atendia uma amiga que outra que a procurava para saber desde aonde ir até a roupa que deveria vestir, uma ligação que salvou sua noite. Ela ainda estava se questionando se havia salvado ou terminado de destruir.

Não o via a três meses, desde que seu medo por se envolver a levou a terminar algo que ela nem mesmo deixou começar. Ele continuava o mesmo, o cabelo levemente despenteado entre os cachos cor de mel, a barba por fazer era algo que ela preferia não lembrar muito, ele mudara de perfume, mas era melhor, a fazia sentir-se começando, e não reencontrando. 

Não se cumprimentaram tão carinhosamente como de costume, mas isso ela já esperava, afinal três meses naquele caso, tinha sido muito tempo. As conversas foram calorosas, misturavam as novidades dele com as dela, não havia nada de romântico, pareciam velhos amigos a colocar o papo em dia, e no fundo ela sabia que era isso. 

Pediram a sobremesa, enquanto ele contava do último final de semana que foi para a cachoeira, que haviam ido juntos. Ela não queria ir embora, mas não discutiu quando ele pegou o caminho da sua casa. Apesar das conversas calorosas, o beijo foi frio, não havia a paixão de antes, pelo menos da parte dela. Ele brincou se ela não o convidaria para subir, ambos sabiam que era brincadeira, e ela não tentou disfarçar. 

Subiu no elevador na esperança de uma chamada não atendida ou uma nova mensagem, deixou o celular em casa de propósito. No fundo já sabia que não haveria nada, o orgulho dele, chegava a ser maior que o dela. Preferiu tomar um banho, aquele perfume que ficou na sua blusa, agora causava enjôo. Arrumou sua cama, pegou a água, ainda ligou a tv, mesmo sabendo que ás três da manha não haveria nada de interessante passando. 

Enfim, resolveu olhar o celular, nada. Ela já sabia, não se surpreendeu e achava melhor assim. De novo seu medo era maior que o que sentia. Escondia de si mesma a esperança que o telefone ainda tocasse, e que a história que ela havia acabado de reviver, não se repetisse. E ainda se conformou quando pensou que esperaria ele ligar, daqui alguns meses, para um reencontro.

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